Roger Schmidt não tinha outra opção
Kokçu foi apenas egoísta ou considera que há um bem maior que deve ser protegido?
Obviamente, Roger Schmidt não podia ter Orkun Kokçu na equipa. A entrevista do turco foi, acima de tudo, uma desautorização da liderança do treinador.
Os desportistas sabem e respeitam as regras de balneário – mais até do que regulamentos internos – e aquilo que o ex-jogador do Feyenoord fez foi muito mais contra as primeiras do que uma quebra dos segundos.
Ou seja, de uma vez só, Kokçu colocou Roger Schmidt em causa e não se importou, sequer, com as repercussões que as declarações que proferiu poderiam ter no seio do grupo e em todo o universo encarnado: ainda que aqui e ali desgostosos com o futebol praticado, os adeptos continuam a querer vencer e sabem que a equipa está em posição disso.
Voltando a Kokçu, no mínimo, o camisola 10 deixou suspeitas no ar de que algo vai mal dentro de portas. O que nos leva a pensar: foi Kokçu simplesmente egoísta ou considera que há um bem maior e se chegou a um estado de coisas que já não se suporta? Essa, por exemplo, é uma pergunta que falta na entrevista do ex-Feyenoord.
No discurso do internacional turco há, porém, algo do qual discordo. Parece-me claro que o Benfica lhe deu devida importância, ao contrário do que Kokçu refere. O próprio montante da transferência explica como o clube olha para o jogador. O número que usa na camisola também, já agora.
Ainda assim, parece-me claro que é de estatutos que Kokçu fala em determinadas partes. Quando frisa a quantidade de vezes que foi substituído, quando pede protagonismo em campo. E isso aponta à gestão do treinador que, perante tais frases, não teve outra opção que não afastar o jogador do encontro com o Casa Pia e até quando não se sabe.
Nesse aspeto, a semana de seleções calha bem ao grupo de trabalho. Ganha-se tempo para se poder gerir, sabendo disto. O Benfica, e o seu talentoso plantel, está completamente metido na luta pelo título, pela Taça de Portugal e na Liga Europa. Isto, apesar de alguns erros de casting, de más decisões a vários níveis, apesar dos efeitos que esta entrevista pode causar internamente.
Há um velho chavão no desporto que se usa em tempos desafiantes e de crítica. Di María usou-o já esta época quando numa rede social escreveu «sempre contra todos».
O Benfica está em condições de competir por tudo e até ganhar títulos, «contra todos» e apesar de si próprio, acrescentaria.
SPORTING ESMAGADOR
O rival maior não desiste e mesmo com a perspetiva de ter ainda um jogo em atraso, o Sporting não tira o pé do acelerador.O leão tem sido esmagador e em casa tem vitórias em todos os jogos de Liga. Ir a Alvalade hoje em dia é o maior problema que uma equipa portuguesa pode ter.
O Sporting ainda não ganhou - e pode não ganhar - qualquer título, mas já conquistou as emoções e as memórias futuras dos seus adeptos.