Realidades associativas
Frederico Varandas, presidente do Sporting

Realidades associativas

OPINIÃO13.10.202309:53

Cada clube (e não sociedade desportiva) goza da sua própria realidade associativa. Porém, deve-se exigir algo em comum a todos os clubes: que os Estatutos estejam atualizados de acordo com o perfil dos seus associados e adaptados à sociedade global que se encontra em constante mutação. Não é fácil conjugar ambos e, por norma, o típico sócio de um clube nacional só se apresenta em Assembleias Gerais (AG) para se fazer ouvir em tempos desportivos pouco saudáveis da sua instituição. Mas se tiver corrido bem a época desportiva, para quê ir às AG para ouvir números antes de se aprovar contas ou ouvir valores orçamentais para a nova época desportiva? Vem isto a propósito do problema manifestado pelo presidente do Sporting Clube de Portugal quanto à não aprovação do voto eletrónico à distância para as AG. O mesmo chega a referir que existe um «poder que uma minoria não quer perder para condicionar uma maioria» e que este tipo de voto dispersaria e descentralizaria o poder entre os sócios com base no facto de que cerca de 77% dos sócios de Alvalade integram os distritos de Lisboa e Setúbal mas que nem sequer 5% destes chegam a votar com base no valor médio de participação das assembleias gerais dos últimos 10 anos. Ou seja, a intenção de Varandas passa por querer fazer chegar a possibilidade de votar a quem não pode ou não quer comparecer nas AG. Porém, a aprovação deste tipo de voto (eletrónico à distância) pelos sócios terá que ser escrutinado pelo seguinte prisma: quem é idóneo suficiente para atestar, validar e garantir a veracidade do voto praticado pelos sócios? Já agora, mesmo que o clube ou um grupo de associados contrate e assuma a despesa de entidade externa credenciada para assumir a prestação deste serviço de controlo e contagem, assegura-se integralmente a veracidade do voto praticado? Não. E, por outro lado, não se devia descartar algo tão relevante, mas que dá trabalho, como arranjar soluções e procedimentos para fazer aproximar os sócios das instalações do Clube ou das suas representações a nível nacional. Com ou sem resultados desportivos positivos. Não chega carisma aos líderes no futebol. É necessário arranjar soluções para agradar a gregos e troianos.