Popeye e o Real
‘Orelhuda’ em face arrogante; direto das cavernas; Doncic e Neemias Queta
O Real Madrid, a Champions e a antecessora da prova milionária, a Taça dos Clubes Campeões Europeus, vivem uma relação inabalável desde 1956, ano da primeira das 13 conquistas (mais três finais perdidas) que brilham na casa blanca. Enquanto o comum dos adeptos vibra com a chegada a uma fase adiantada e aceita com resignação o adeus à competição, a afición merengue exige a orelhuda por força do hábito. O colosso espanhol atingiu por nove vezes as meias-finais nos últimos 11 anos, incluindo o apuramento selado anteontem em Anfield, e ergueu o troféu em quatro ocasiões. Mas, no mesmo período, apenas ganhou três Ligas espanholas, como se tivesse duas caras, envergonhada em Espanha, arrogante além-fronteiras. Contra os reds, sem 75 por cento da defesa titular (Carvajal, Varane e Sergio Ramos ausentes, só Ferland Mendy jogou), Zidane improvisou com Valverde na direita e apostou em Nacho e Militão ao centro. E ainda faltou Hazard, já para não lembrar que o BBC perdeu Bale e Cristiano, sobrando Benzema. No final, tudo a zero e qualificação garantida, sinal de que o hino da Champions está para o Real como os espinafres para o Popeye.
Enquanto Taremi ia de bicicleta para a eternidade, à boleia de golo memorável ao Chelsea, em alguns setores da sociedade iraniana recua-se aos tempos em que a roda ainda não tinha sido inventada. Para não mostrar as pernas da árbitra auxiliar Sian Massey-Ellis, no Tottenham-Man. United de domingo, a TV estatal do Irão interrompeu a transmissão mais de 100 vezes. Uma emissão assegurada em direto das… cavernas.
Luka Doncic, esloveno de 22 anos, encanta nos Dallas Mavericks (rookie do ano em 2019), após ter brilhado como gente grande no Real Madrid (estreou-se aos 16 anos). A Eslovénia é um dos 41 países com jogadores na NBA, liga que nunca contou com portugueses. Já com lugar no draft de 2021, Neemias Queta que abra a porta, por favor.