Platini em 1984

OPINIÃO28.05.202107:00

Golo? Ainda não acredito; Bruno Fernandes também chora; Zidane é classe

1. Tigana conduz em posição frontal, tenta desmarcar Platini, Lima Pereira corta em esforço, a bola sobra para o médio francês, que passa por Eurico, entra na área sobre a direita, cruza, vigiado por João Pinto, para junto da pequena área e então sim Platini aparece a rematar por alto, enquanto Bento, Jaime Pacheco e Frasco se lançam para o relvado a dar o corpo a uma bala que atingiria mesmo o alvo. Agora que a proximidade do Europeu justifica viagens no tempo, ainda hoje acredito que o disparo do melhor jogador gaulês de sempre não vai entrar e decidir, assim, a meia-final do Euro-1984 a favor dos bleus (3-2), em Marselha, aos 119’. O primeiro Campeonato da Europa de que me lembro assinala também um dos meus jogos mais traumáticos - no Mundial-1982 já não tinha sido fácil lidar com o hat trick de Rossi ao inesquecível Brasil de Telê Santana - e seguramente da história da Seleção, desde 2016 vingada, finalmente, por Éder. Nestes quase 37 anos, o caminho fez-se caminhando, a FPF seguiu no rumo certo e é hoje uma estrutura exemplar em contraste com o amadorismo daqueles dias que conduziria, dois anos depois, à vergonha de Saltillo. Um mundo de diferenças, portanto, com uma exceção - o talento daquela fornada  (só para o ataque havia Jordão, Gomes e Nené) nada deve ao da atual de Fernando Santos.

2. As lágrimas de Bruno Fernandes, ainda no relvado, perdida a final da Liga Europa para o Villarreal, foram a boa notícia do dia para o Man. United. Um jogador com este espírito e comprometimento, a somar ao rendimento nas quatro linhas (40 golos em 80 jogos em época e meia), é o alicerce onde se podem reerguer os red devils.

3. Com 11 troféus em duas passagens pelo Real Madrid como treinador, entre os quais três Champions, Zidane despediu-se pela segunda vez da casa blanca. Sem polémicas, elogiado pelos jogadores, o francês mantém a classe que exibia também em campo.