Pegar o touro!

OPINIÃO22.03.201903:10

SIM, é verdade que mostrou o Benfica em Moreira de Cónegos estofo para reagir ao que lhe tinha sucedido, na Luz, com o Belenenses. Ao estofo juntou-lhe a águia de Bruno Lage determinação, frescura, alma e uma eficácia absoluta, num jogo que foi muito bem ganho mas nem sempre foi bem jogado.

Em destaque, para os benfiquistas, ficou ainda de Moreira de Cónegos mais uma muito boa exibição de Samaris, um jogo globalmente também muito bom do jovem João Félix e a cada vez mais significativa e evidente afirmação de Ferro.

Esteve o Benfica realmente muito focado no que era essencial nesse jogo que em teoria se apresentava como um dos mais difíceis dos encarnados até final do campeonato. Na véspera, o FC Porto colocara pressão no Benfica vencendo (e bem), o Marítimo, em casa, uma semana depois de vencer o Feirense em Santa Maria da Feira como ganham os campeões, porque os campeões se fazem exatamente ganhando os jogos que não jogam bem, porque os que jogam bem são sempre muito mais fáceis de ganhar.

O que sucedeu foi que o Benfica fez mais ou menos a mesma coisa em Moreira de Cónegos, marcando quatro golos nas cinco oportunidades que criou e sendo suficientemente forte como equipa para nunca deixar que o jogo se transformasse verdadeiramente num risco.

Risco poderá estar a correr o jovem guarda-redes Vlachodimos se porventura vier a confirmar-se que denota alguma dificuldade para defender bolas cruzadas que venham da sua direita para a sua esquerda, como aconteceu no jogo com o Belenenses e como, de algum modo, voltou a acontecer no relvado do Moreirense, com aquele remate cruzado que levou a bola realmente a entrar na baliza encarnada, apenas sem contar por causa de um fora de jogo assinalado a outro jogador do Moreirense.

A propósito, e apenas como mera curiosidade, fica a certeza de a bola ter mesmo entrado na baliza benfiquista, ao contrário do que acabou sugerido por tanto comentador e informador. A bola entrou e foi ao fundo das redes que Vlachodimos a foi buscar para a repor em jogo, salvo pelo VAR que confirmou o que deu toda a ideia de ter na verdade existido, o tal fora de jogo que impediu, assim, o fantástico Moreirense do fantástico Ivo Vieira de chegar ao golo e, com ele, quem sabe?, criar, então sim, verdadeiras e complexas dificuldades ao líder da Liga.

Veremos se as duas semanas dadas de descanso às emoções fortes da competição farão bem ou mal aos mais fortes candidatos ao título, porque bem sabemos como as consequências das paragens de campeonato são, tantas vezes, absolutamente imprevisíveis.

O que sabemos é o que vem aí e o que vem aí é um SC Braga-FC Porto que pode dizer muita coisa sobre o desfecho final do campeonato. Ao contrário do que alguns poderão considerar, são os grandes jogos que decidem tudo!

FALA-SE de Cristiano Ronaldo, obviamente, por tudo e por nada, porque ele não é apenas um craque, é o maior dos craques, uma estrela com brutal impacto no mundo em que vivemos e que tudo o que faz se faz notar à velocidade da luz, seja dentro ou fora do relvado. Há muito que Ronaldo deixou de ser um simples jogador de futebol, e ele há muito também que parece verdadeiramente confortável com isso.

Para nós, portugueses, o regresso à Seleção do capitão e inevitavelmente maior figura da equipa só pode merecer uma nota de extraordinária satisfação, porque, desculpem o cliché e o mote que vários dos selecionáveis têm usado, realmente qualquer equipa fica bem mais forte com Cristiano Ronaldo, como voltou a ficar indubitavelmente claro no recente Juventus-Atl. Madrid da Liga dos Campeões, mesmo estando nós a falar de uma Juventus dominadora em Itália sem Ronaldo e também sem Ronaldo finalista recente da própria Champions.

Não fosse ele, porém, e a Juventus teria já dito adeus este ano à prova milionária, e sem ele não estaria a Juventus já em condições de se proclamar campeã de Itália quando ainda faltam mais de dois meses para o fim do campeonato.

Mas servem estas notas sobre Cristiano Ronaldo não apenas para voltar a elevar o nome do nosso maior campeão como para lembrar que a Juventus portuguesa não é apenas Ronaldo e que inclui também um jovem jogador que está transformado num senhor jogador, esse lateral chamado João Cancelo que tão depressa é defesa como extremo, do lado direito ou do lado esquerdo do campo, e que surpreende pelo talento, pela qualidade técnica, pela velocidade, pela consistência, pela intensidade, pelo compromisso competitivo, pela inteligência de jogo e pela perfeita adaptação ao estilo da equipa, mas também, e sobretudo, pelo caráter sereno com que enfrenta mesmo os mais incríveis e mais pressionantes desafios. João Cancelo deixou de ser um compère, como se chama no teatro à figura de apoio; Cancelo é já um protagonista. Um senhor protagonista!

SE toda esta história das alegadas tentativas de aliciamento, acusações de corrupção, revelação de segredos da arbitragem, atos de violência e coisas que tais não transformarem o futebol português numa tragédia, então vão transformá-lo verdadeiramente numa comédia. Quem acusa, tem de provar; quem investiga, deve descobrir; quem comete um crime, só pode ser punido. Exemplarmente punido. E quem age violentamente deve ser banido. Definitivamente banido.

Os bons adeptos do futebol merecem saber a verdade. E não merecem este clima doentio e violento em que tudo parece ser suspeito e a justiça quase parece uma brincadeira. Devem Liga e Federação e, se for preciso, as autoridades governamentais, pegar o touro pelos cornos. Antes que seja tarde de mais!