Passa, repassa e... chuta!
Onde se fala de Guttmann mas também de Pedroto, e daquele que ainda hoje é considerado, no universo portista, um lapso presidencial
ESTAMOS de volta depois duma semana de repouso e de ver (e ler) regressado a este espaço o dr. Bagão Félix, figura das mais destacadas no dirigismo, na política e na escrita deliciosa, para leitura dos que envergam todos a aplaudida camisola de A BOLA.
Não iremos jogar com a bola redondinha, certamente, muitas vezes, mais quadrada, mas tentaremos estar dentro das quatro linhas atentos aos ressaltos e seguir o conselho do velho e consagrado Béla Guttmann quando gritava para o Santana, José Augusto ou Eusébio: passa, repassa e…chuta. E os golos apareciam. O Guttmann, considerado um dos melhores 50 treinadores do mundo, nasceu no dia de hoje (27 de janeiro), em Budapeste, em 1899, falecendo, em 1981, com 82 anos, em Viena de Áustria. Faria hoje 124 anos.
NO passado dia de 18, fez 35 anos que faleceu José Maria Pedroto e foi, naturalmente, organizada uma homenagem pela passagem de tão triste efeméride. Houve comovidas intervenções de gente com o emblema do dragão, não faltando o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa que, perante o desagrado duma maioria, se serviu do momento para afirmar que, hoje, o treinador Sérgio Conceição «é a cópia de Pedroto». E ainda hoje se fala do que é considerado por muitos um lapso presidencial, não só por ser imprópria a ocasião, como pelo actual treinador estar longe dos comportamentos e personalidade que o ‘Zé do Boné’ patenteou como líder portista e figura inconfundível do futebol português. Acontece, mas o azul e branco ferveu. E Pinto da Costa marcou golo na própria baliza.
Já passaram 19 anos quando vimos, estupefacto, cair, desamparado, em pleno relvado do estádio do Vitória de Guimarães, o jovem futebolista do Benfica, o húngaro Fehér. Um momento inesquecível por aterrador, infelizmente para nós uma repetição do que testemunhámos 30 anos antes, quando uma multidão que enchia o Estádio das Antas, viu o genial portista Pavão cair repentinamente no relvado, depois de ter passado o esférico. Foram horas, foram dias em que a cidade do Porto e o futebol português choraram o desaparecer de uma das suas mais brilhantes estrelas. Foi na tarde de 16 de Dezembro de 1973. Jogava-se o FC Porto-Vitória de Setúbal, equipa em que Octávio era o ‘maestro’: o dia em que vimos Pedroto, o homem duro na aparência, mas sem conseguir conter as lágrimas.
Por ironia do destino, estiveram dois Vitórias (Guimarães e Setúbal) numa tarde negra para o futebol.
Otreinador e selecionador de Portugal, o engenheiro electrónico Fernando Santos, conseguiu para o nosso país o galarim europeu e uma posição exibicional do maior respeito. No entanto, o último Mundial motivou um divórcio de um casamento que se previa ‘até a morte nos separar’. Mas Fernando Santos não ficaria no desemprego, pois logo apareceu a Polónia a reclamar o técnico português, mas esquecendo aquele que foi o causador da auréola do selecionador. Nada mais, nada menos, do que o desengonçado Éder que, em Paris, se lembrou de fazer o remate da sua vida e tornar Portugal campeão da Europa. Uma ingratidão, caro Éder.
Mas vale a pena referir que Fernando Santos ainda não se livrou das cores lusitanas, pois terá à perna - ele e o presidente da FPF - o ministro Fernando Medina e o seu ‘esquadrão’ a querer saber como é que os salários da equipa técnica foram pagos como quem vai à mercearia. Está muito dinheiro em discussão e Medina, e sobretudo os deputados do Bloco de Esquerda, querem explicações. E o ‘Zé’ também quer saber como é. Não estamos a ver haver mais uma actividade comercial de venda ou aluguer de treinadores e jogadores de futebol ao quilo… Vamos lá ver como vai ficar tudo isto. O novo treinador também vai passar fatura?
AMANHÃ, sábado, será a final, em Leiria, da enjeitada Allianz Cup. FC Porto e Sporting a tentar ganhar, com os dragões a quererem estrear-se como vencedores frente aos detentores do título, os leões de Amorim, que irá certamente apanhar ‘porrada’ (como diz o povo), pois Porro vai esfregar de contentamento o presidente Varandas. Tem sido um agitar da conta bancária verde e branca…
E ponto final por hoje. À hora que terminamos esta ‘charla’ com os leitores (e terminámos na quarta-feira), estará o Benfica a chegar à Capital do Móvel (Paços de Ferreira) para defrontar um Paços morador no fundo da tabela. Vida fácil para os benfiquistas? Não nos parece, e Roger Schmidt deve pensar o mesmo. Sem Rafa e sem a rotação doutros tempos, da alta velocidade que entonteceu os adversários, começa todo o mundo encarnado a implorar a S. Enzo que ajude para que as vitórias não sejam… milagres. Veremos...