Organizar o futebol
As reuniões para debater os rumos do jogo, além de dirigentes deveriam integrar um treinador e um capitão nomeados pelos seus pares
O mês de fevereiro é uma referência importante. Este jornal publicou um facto que contribuiu para alterar a minha carreira e o futebol português: «Em A BOLA do dia 21 de fevereiro de 1981, num artigo com título Com ameaças de rapto (e morte) dava-se notícia de que António Oliveira que fora para o Penafiel por se recusar a jogar no FC Porto sem Pedroto (e Pinto da Costa) assinara pelo Sporting (…) Quando José Maria Pedroto regressou ao FC Porto para fazer a revolução com Pinto da Costa, a sua estrela já era ele (…) ganhou a Taça de Portugal de 1976/1977 e, após a conquista do campeonato de 1977/1978, recusou proposta do Dallas envolvendo 43 mil contos ao ano, por jurar um desejo apenas: ‘Ajudar o FC Porto a ser bicampeão’» Ajudou (…) Vencemos também o título. Américo de Sá transferiu-o para o Bétis a troco de 36 mil contos (…) A lesão desmotivou-me, as saudades do Porto eram cada vez maiores (…) Ao FC Porto regressaria para fazer ainda mais história - com dois campeonatos, uma Taça e uma Supertaça em dois anos.» É verdade que só tinha uma possibilidade para regressar ao Porto: declarei que pagaria do meu bolso a verba que o Bétis estipulara. O presidente do clube espanhol ficou comovido e entregou-me o certificado internacional para poder jogar contra o Benfica e assim ganhámos 2-1, mas não o campeonato. Um abraço ao autor desse artigo que ainda hoje me emociona e deixa saudades imensas! De facto, o único Pentacampeonato do nosso futebol foi conquistado por três treinadores, Bobby Robson (2), António Oliveira (2), Fernando Santos (1) e por 68 jogadores, seis deles (Jorge Costa, Aloísio, Paulinho Santos, Rui Barros, Drulovic e Folha) como totalistas nesses 5 campeonatos. No Sporting, João Rocha sabendo que eu não jogaria enquanto o Presidente Américo de Sá não saísse, contratou-me e lá fui para o Sporting onde também vencemos títulos nacionais.
Coincidência, em fevereiro mas deste ano, o FC Porto terá de defrontar 6 jogos (4 para a Liga e 2 para Liga Europa, com duas deslocações longas - cerca de 3600 km, ida e volta, por avião), com máxima exigência, com tempos que não permitem recuperações completas e que podem criar condições para eventuais lesões. Além dos Dragões, há mais clubes nas mesmas condições. Continuo a manter que as reuniões para debater os rumos do jogo, além de dirigentes deveriam também integrar um treinador e um capitão de equipa nomeados/eleitos pelos seus pares, para defender os verdadeiros protagonistas. Por outro lado, Oliver Kahn, o atual diretor desportivo do Bayern de Munique, está empenhado em convencer os responsáveis da Liga Alemã a considerar uma mudança de formato da prova. Para isso, sugeriu novos modelos, como a adoção de play-off (modelo da NBA) para o apuramento do campeão. Poderia ter um formato com meias-finais e final, logo com maior equilíbrio competitivo e mais emoção para os adeptos. Está a criar-se um novo formato para a Liga dos Campeões (a partir de 2024) que poderá fazer a diferença. O Bayern é o habitual campeão da Alemanha, durante anos seguidos, e um novo modelo poderá aumentar a competitividade e criar oportunidades para mais equipas conquistarem o título. Essa sugestão teve o apoio de vários clubes, particularmente dos mais pequenos. O debate já arrancou e segundo um representante da Bundesliga «se o play-off ajudar», então vamos «falar disso». «Uma decisão destas tem de ser precedida de um diálogo intenso e estruturado com os clubes e a liga, tendo em conta todos os argumentos. A Bundesliga vai preparar cuidadosamente este processo de debate aberto que levará a cabo junto dos clubes nos próximos meses». Aqui está uma exemplar estratégia para se promover um futebol com a preocupação de aumentar sempre a qualidade do jogo. Por cá, é rara a semana onde não surja na Comunicação Social mais um caso lamentável de eventual suspeita de corrupção ligada ao futebol, que tanto alarido provoca mas que o tempo vai diluindo e ajudando a cair no esquecimento com marcas destrutivas, até um dia…
«Uma coisa é inequívoca, como isto está não pode continuar», afirmou Emanuel Medeiros, CEO da SIGA (Aliança Global para a Integridade no Desporto).
DERROTAR A VIOLÊNCIA
Todas a formas de violência têm de ser combatidas com firmeza. Os tempos revelam sinais preocupantes. Após a fase de maior isolamento da pandemia, acontece uma natural abertura mas também um aumento exagerado da agressividade, dos insultos racistas e conflitos de ódio. Há países com problemas muito complexos e Portugal, com observação atenta ao que se passa na Europa, tem de ser capaz de prevenir para os impedir. O regresso dos adeptos aos estádios foi essencial, com definição precisa das regras. As estatísticas da violência nos estádios são preocupantes e em poucos meses, atingimos valores significativos de insultos racistas, de violência entre adeptos e confrontos com os elementos das forças policiais. Os dirigentes nunca devem ser origem de confrontos entre clubes. A relação entre os adeptos e as forças de segurança não auguram nada de bom; é urgente criar planos que travem esta nova e infeliz onda de violência. Em termos positivos, baixaram os números de arremesso de material pirotécnico. O mais preocupante são os insultos racistas, inclusive no futebol jovem e feminino, assim como os grupos designados casuals, que vestidos sem indicação de clube, viajam por meios próprios, sem adquirir bilhetes para ingresso nos estádios, com objetos preparados para ferir adversários e elementos das forças policiais. Exemplos recentes: os adeptos do Dínamo Kiev em Lisboa e os do Estrela Vermelha em Braga; foi grave e não pode voltar a acontecer, desde que a devida estrutura de segurança esteja preparada para as evitar. Segundo a Comunicação Social, existem em Portugal cerca de 500 adeptos de risco, monitorizados pelas autoridades. É urgente reforçar planos, para evitar o crescimento da violência, combatendo os perigos que se pretendem associar ao movimento desportivo, procurando a maior divulgação em espaços mediáticos. O futebol e a sociedade têm adversários com os quais não podem perder: violência e racismo.
Cimeira de presidentes foi na terça-feira, mais uma reunião para discutir o futebol nacional
DESTAQUE DA JORNADA
O empate do Benfica no Bessa, após estar a vencer por 2-0, revelou um Boavista confiante que conseguiu empatar na segunda parte e esteve mais perto de vencer. Gil Vicente a manter-se nos lugares europeus e V. Guimarães em fase de queda, perdendo em casa perante o surpreendente Arouca. O SC Braga conseguiu conquistar três pontos em Tondela. O Sporting venceu facilmente o Estoril, e o FC Porto, em Moreira de Cónegos, continua a vencer. O FC Porto de Sérgio Conceição já conseguiu a 100.ª vitória no Dragão e na Liga conseguiu a sexta reviravolta no marcador.
REMATE FINAL
Mais três novos talentos: João Marcelo, 21 anos, defesa-central jovem, veio para o FC Porto, oriundo do Tombense (Brasil). O clube pondera a aquisição definitiva do jovem central, de quem Ibson (ex-jogador do FC Porto e seu colega de equipa no Brasil) caracterizou como central de grande qualidade técnica, eficiente na bola pelo solo ou pelo ar, rápido e ocupando espaços com confiança e determinação. Já integrou a equipa principal.
João Mendes, 21 anos, lateral-esquerdo foi contratado ao Vitória de Guimarães. Jogou no Penafiel e ficou no Olival. Na equipa B do FC Porto, recuou de extremo para lateral, rápido e intenso, humilde, com futuro promissor e com qualidade para lutar pelo lugar na equipa principal do FC Porto. Também já jogou pela equipa principal.
Gonçalo Borges, trocou o Benfica pelo FC Porto há cerca de seis anos, integrou a equipa portista que venceu a Youth League. Na equipa B dos dragões, destacou-se particularmente pela velocidade. Extremo muito rápido, com drible curto, remata com os dois pés e já jogou pela equipa principal, criando uma assistência para Pepê marcar golo, no jogo da Taça da Liga contra o Rio Ave.
João Pedro, capitão de equipa do Tondela, afirmou que, na sua opinião, o FC Porto é «a equipa mais difícil de defrontar» na Liga: «Fico exausto nos jogos com o FC Porto, são muito intensos. O Uribe e o Vitinha são impressionantes na pressão.»
Mbappé, jogador a ser disputado pelo PSG onde ainda joga e pelo Real Madrid, clube para onde se consta que possa ir, atingiu limites inacreditáveis e tornou-se Caso de Estado, chegando ao ponto de haver pressões presidenciais do atual Presidente da República Francesa e do anterior Presidente, para o tentarem demover de sair do PSG.