Obrigado, Frederico!

OPINIÃO09:30

Esta Tribuna Livre, espaço de opinião em A BOLA, é da autoria de Nuno Saraiva, sócio do Sporting Clube de Portugal

Nos últimos dias muito se tem dito e escrito sobre a conduta e o caráter de Rúben Amorim, no funesto processo de transferência do treinador de Alvalade para Old Trafford. Da minha boca e da minha pena não ouvirão ou lerão nada mais do que um agradecimento sentido a Amorim por, nestes quatro anos e meio, ter sido tão Leão como eu e ter elevado o Sporting Clube de Portugal a um patamar desportivo a que nenhum outro treinador conseguiu nas últimas muitas décadas.

Claro que o timing desta decisão, que é exclusivamente do próprio, podia e devia ter sido melhor ponderado, sobretudo se pensarmos no esforço feito pela SAD para lhe dar todas condições — incluindo salariais — para assegurar o objetivo do bicampeonato, depois das juras de amor e fidelidade ao projeto feitas pelo próprio, pela palavra que empenhou aos jogadores de que jamais os abandonaria nesta empreitada, e pela manifestação implícita de vontade, feita nos últimos dias, de renovar os votos com o nosso grande Clube, tão grande como os maiores da Europa. Amorim sabe que, perante tudo isto, quebrar abruptamente o ciclo apenas com um quarto da época cumprida tem consequências e causa uma revolta legítima na estrutura e no mundo Sporting. Apesar de tudo isto, a única coisa que quero manifestar-lhe é gratidão e dizer-lhe, repito, obrigado Rúben. Que sejas feliz e que tudo te corra bem.

Porém, no meio de toda a desilusão que cresce de dia para dia, creio ser imperativo pôr o foco na figura, ou nas figuras, que, além dos jogadores, com o seu Esforço, Dedicação e Devoção nos têm proporcionado a Glória nos últimos anos.

E as perguntas a que devemos responder são simples e óbvias. Quem é que, apesar de todos os insultos e desconfianças, teve a coragem de investir na contratação de Rúben Amorim? Quem é que identificou que era ali que estava a chave do sucesso desportivo? Quem é que confiou na competência da equipa de scouting e nas inúmeras qualidades de Hugo Viana enquanto negociador para construir e manter plantéis de indiscutível qualidade que vieram a revelar-se campeões? Quem é que, com a sua administração composta por Francisco Salgado Zenha e André Bernardo e com a sua direção no Clube, onde também estão o Miguel Afonso, a Maria Serrano, o Alexandre Ferreira, o Pedro Lancastre e o Gonçalo de Albuquerque, seja nas Modalidades, ao nível do equilíbrio financeiro ou na projeção da marca Sporting, tem sido, indiscutivelmente, o melhor Presidente do Sporting Clube de Portugal das últimas décadas? E quem, com a sua resiliência e obstinação, tem sido capaz de bater o pé aos tubarões europeus, obrigando os Manchesters desta vida, apesar de toda a pressão mediática e política que tem sido feita, a vergarem-se à sua vontade, fazendo prevalecer sempre a defesa dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal?

Sim, a todos eles, nós os Sportinguistas, devemos, no mínimo, um agradecimento pela competência que têm posto ao serviço do Sporting. Aos jogadores devemos união, e também gratidão, e a confiança absoluta de que serão capazes de se emancipar desta era e cumprirem o sonho do bicampeonato. E em Frederico Varandas é justo que confiemos, e eu confio, no seu discernimento, na sua coragem, na sua capacidade de decidir e de escolher o melhor para o futuro do Sporting Clube de Portugal. Estou-lhe grato por este percurso e, por isso, quero dizer-lhe hoje obrigado, Frederico!