O exemplo de Nadal e Federer
'Mercado de valores' é o espaço de opinião semanal de Diogo Luís
Ninguém é eterno. A retirada de Nadal já era esperada até porque tinha sido anunciada o mês passado pelo espanhol. Depois de Federer, o grande rival, Nadal seguiu o mesmo caminho. Uma coisa é certa, tanto um como o outro deram um enorme contributo ao desporto mundial.
Carreira incrível
Nadal teve uma carreira única. Com apenas 19 anos ganhou o primeiro título de Grand Slam. Marcou uma era no ténis juntamente com Federer e posteriormente Djokovic. Quem o viu ao longo de 20 anos percebe quais as caraterísticas que o representam. A qualidade que sempre demonstrou é inquestionável. Contudo, como todos sabemos, não basta ter qualidade para se alcançar o sucesso. Nadal sempre demonstrou um enorme compromisso com a sua profissão. Como jogador de ténis sempre foi dedicado, trabalhador, incansável, mentalmente muito forte, aguerrido e empolgante. Quem acompanhou a sua carreira lembra-se de jogos memoráveis, alguns deles com mais de cinco horas de um ténis de enorme qualidade.
Grandes adversários
As grandes carreiras ficam marcadas por embates empolgantes e por adversários fortes. Nadal e Federer são um enorme exemplo no ténis e no desporto. Um alimentou o outro. Mais tarde, o crescimento de Djokovic veio fazer deste trio o melhor de sempre no ténis. Nadal e Federer trouxeram algo único ao desporto mundial. Sempre foram rivais nos recintos de terra batida ou de relva, mas sempre se respeitaram e demonstraram um enorme fair play. Federer ou Nadal nunca falharam quando o momento era de reconhecimento um do outro. Sempre souberam aplaudir-se mutuamente. Se dentro dos recintos demonstraram uma qualidade ímpar, fora da competição reforçaram o estatuto de lendas do desporto mundial.
O ténis sai valorizado
Após a despedida destes dois monstros do desporto mundial, podemos dizer que o ténis saiu a ganhar. Há um antes e um depois de Federer e Nadal. Estes dois enormíssimos jogadores são um exemplo do caminho que o desporto deve seguir. Cheios de ambição conseguiram ter uma carreira carregada de títulos e de grandes encontros, mas nunca esqueceram os verdadeiros valores do desporto, como o respeito pelos adversários e pelos adeptos, o estatuto de ídolos e os exemplos que sempre passaram para os mais novos. Não é fácil dentro do desporto encontrarmos dois jogadores com esta classe, que souberam conviver, e demonstrar tanto respeito um pelo outro e pela profissão. Os valores que estes dois ídolos passaram para os fãs e para os praticantes do ténis são inquestionáveis. Esta forma de estar trouxe muitas vantagens à modalidade tornando-a ainda mais apelativa para patrocinadores e parceiros, que se reveem nos espetáculos proporcionados antes, durante e depois dos encontros.
Rivalidadee crescimento
Se analisarmos o comportamento destes dois craques e o transportarmos para outros desportos podemos chegar a algumas conclusões. Ninguém tem dúvidas de que o ténis ganhou muito com Federer e Nadal, não só pela qualidade do jogo, mas também pela ética que sempre tiveram nas carreiras. Acredito que os dois jogadores também têm a noção que se ajudaram, mutuamente, a crescer a todos os níveis. Tiveram de se superar e melhorar constantemente o seu jogo para poderem vencer títulos de uma forma sistemática.
Os duelos que travaram permitiram que ganhassem ainda mais mediatismo, a nível mundial, o que lhes trouxe naturais benefícios pela dimensão que foram conquistando a nível global. São dos poucos atletas que sempre foram admirados pelo dom que têm, pelo esforço, dedicação e sucesso, mas também pelo respeito e fair play que sempre demonstraram para com os adversários. Num mundo cada vez mais global, e em que há cada vez maior atenção aos comportamentos dos grandes protagonistas, o ténis, pela forma de estar destes dois enormes atletas, saiu reforçado e muito valorizado.
Toco neste ponto para demonstrar a importância dos grandes atletas ou das grandes instituições no rumo que pretendemos seguir. No desporto é possível vencer e ter a forma de estar correta. Se o fizermos iremos valorizar-nos e, em simultâneo, também iremos valorizar as competições em que estamos inseridos. Faço um paralelismo entre o ténis e o futebol. O exemplo de Federer e Nadal pode ser incrível… se o soubermos interpretar. Uma competição será cada vez mais valorizada se existirem rivalidades positivas que façam com que todos tenham de melhorar constantemente. É ainda fundamental que todos saibam ganhar e perder. O reconhecimento do vencedor é uma demonstração de fair play que todos devem ter. É muito importante que exista a perceção de que os grandes clubes e os seus jogadores são exemplos para muitos jovens que se estão a desenvolver e que serão os ídolos de amanhã.
Como tal, é determinante que quem tenha protagonismo tenha também a responsabilidade de contribuir para uma cultura desportiva mais positiva e saudável. Reconhecer e aplaudir o mérito dos vencedores deveria ser algo natural numa competição. Ao longo destes 20 anos, Nadal e Federer foram muito mais do que apenas enormes jogadores. Foram embaixadores do ténis e do desporto mundial.
No final das suas carreiras fica o reconhecimento dos fãs, do mundo do ténis e de personalidades de todos os quadrantes. No fundo, de todos os amantes do desporto que puderam deliciar-se com aquilo que os dois tenistas exibiram nos courts ao longo dos anos. Por tudo isto que acabei de descrever, tanto Nadal como Federer deixaram o ténis um jogo muito mais positivo, limpo e valorizado do que quando iniciaram as suas carreiras. Um legado inestimável.
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