O sucessor de Cristiano Ronaldo é um guarda-redes?
Tudo indica que os astros se alinharam para dar a Portugal um dos melhores guarda-redes do Mundo
Q UAL é o limite para Diogo Costa, 23 anos, titular do FC Porto e da Seleção Nacional, numa ascensão meteórica desde que ganhou, ao consagrado Agustín Marchesín, a baliza do FC Porto?
Tudo indica que os astros se alinharam para dar a Portugal um dos melhores guarda-redes do Mundo, porque Diogo Costa é muito mais que as grandes penalidades que tem defendido em série na Liga dos Campeões. Há no jovem ‘keeper’ dos dragões o toque dos predestinados, visto antes, com clareza cristalina, desde o berço, em Vítor Baía e Vítor Damas. Aliás, se a estes dois monstros das balizas juntarmos o mais internacional e mais titulado guarda-redes português, Rui Patrício, que não foi tão exuberante na fase de afirmação, não obstante tivesse atingido um patamar de excelência, instrumental na vitória de Portugal no Euro 2016, ficamos com um painel de futebolistas que, na mais ingrata das posições dentro de uma equipa, saltaram dos escalões de formação até à equipa principal, onde se firmaram com autoridade.
Já Manuel Galrinho Bento, outro dos monstros sagrados das balizas, teve um percurso diferente. Formado no Coruchense, saltou a seguir para o Barreirense e só aos 24 anos chegou ao Benfica onde, nas duas primeiras épocas, dividiu a titularidade com José Henrique. Depois, embalou para uma carreira assinalada nos livros da história do futebol. Mas o caminho de Bento não teve nada a ver com os dos restantes, como a seguir se verá. O malogrado ‘keeper’ encarnado (que tal como outros guarda-redes de eleição - Damas, Jesus, Neno, Tibi - nos deixou demasiado cedo) não fez parte das seleções jovens de Portugal e só acedeu às «Esperanças» porque era então possível apresentar dois jogadores sem limite de idade.
É curioso, aliás, perceber a evolução do futebol através do caminho feito por Damas, Baía, Patrício e Diogo Costa, todos eles indiscutíveis nas seleções dos escalões de formação.
Vítor Damas, nascido em 1947, jogou 12 vezes pelas seleções abaixo da equipa A de Portugal; Vítor Baía, nascido em 1969, fez 23 jogos por essas seleções; Rui Patrício, nascido em 1988, jogou 54 vezes nessas circunstâncias, enquanto Diogo Costa efetuou 70 jogos pelos escalões abaixo da Seleção A.
Ao mesmo tempo, mesmo a nível de clube, beneficiou do contacto internacional oferecido pela Youth League, que conquistou e juntou aos títulos de campeão europeu de sub-17 e sub 19.
Quando o primeiro fator em Diogo Costa a impressionar quem o vê é a maturidade, a rodagem prévia, sem explicar tudo, porque haverá características inatas, surge como elemento fulcral. Excelente dentro dos postes, com gelo nas veias quando é chamado a tentar defender uma grande penalidade, evitando o erro mais comum nos guarda-redes, que é tomar a decisão do movimento antes do adversário rematar, muito forte no jogo aéreo e superlativo a jogar com os pés, faltar-lhe-á apenas ser igualmente decisivo nos lances de um contra um para se tornar num guarda-redes para a eternidade. No final da última época, a revista inglesa Four Four Two elaborou a sua lista de melhores dez guarda-redes do Mundo, onde constavam De Gea (10.º), Handanovic (9.º), Neuer (8.ª), Bounou (7.º), Ederson (6.º), Trapp (5.º), Maignan (4.º), Mendy (3.º), Courtois (2.º) e Alisson (1.º). Cinco meses volvidos, será impensável não colocar Diogo Costa num ‘top ten’ mundial, embora o que cada um fizer no Campeonato do Mundo do Catar venha a ser relevante para os diversos ‘rankings’ que todos os anos aparecem. Mas uma coisa parece certa, Diogo Costa, ao dia de hoje, alinha pelo diapasão de Courtois, Neuer, Lloris, Allison, Oblak ou Ederson. O futuro pertence-lhe, só tem que o agarrar, como se se tratasse de uma bola batida da marca dos onze metros…