O salto que ainda falta ao SC Braga

OPINIÃO04.01.202103:00

O SC Braga continua a resistir a dar um passo decisivo para juntar-se ao trio de eternos pretendentes ao trono do futebol português. Podemos dizer que esteve esporadicamente perto com Domingos Paciência na luta com o primeiro Benfica de Jorge Jesus, ou que os dois terceiros lugares nos últimos dez anos garantem que vai-se aproximando de forma sistemática do topo. No entanto, e mesmo não sabendo o que esta época ainda reserva e não sentenciando já os arsenalistas pelos oito pontos de atraso para o líder Sporting, o que se pode extrair da nova temporada é que os resultados não acompanham as exibições. A diferença tem estado muitas vezes em erros defensivos individuais, pouco dignos de um candidato, ou em falta de eficácia recorrente, que impede os minhotos de chegar à afirmação definitiva. É verdade que ganhou na Luz, mas perdeu-se por completo no Dragão e acabou com sensação amarga em Alvalade. Falta killer instinct.

Os bracarenses reuniram um plantel muito equilibrado, que lhes permite competir em várias frentes, mas também de certa forma monotónico, no sentido de lhes faltar apontar a jogadores um patamar acima, que de facto errem e falhem menos. Dois ou três de classe internacional, que não destoem do tecido coletivo  e acrescentem virtuosismo e liderança. Mesmo numa situação adversa como a atual, ao SC Braga falta também segurar os melhores - Trincão seria sempre muito complicado, mas Paulinho, Ricardo Horta e David Carmo devem fazer parte da ideia de futuro. Crescer passará por aí, ou por uma quebra pouco previsível nos outros três ao mesmo tempo, como aconteceu no campeonato conquistado pelo Boavista. Daí ser único.


Este SC Braga já tem a ideia de jogo, estrutura, formação e condições para a elite, falta-lhe subir um ou dois níveis na política desportiva. Assim que possa.