O Portugal que se nivela por baixo

OPINIÃO22.06.202004:00

A Liga voltou ainda mais em baixa. Agora é o confronto direto, válido por lei só na última jornada, a deixar ainda o FC Porto a depender de si próprio. Mal seria, perante o último, se os dragões não se tivessem mostrado mais esclarecidos e dominadores, embora sem conseguirem ultrapassar a noite-não na finalização, sobretudo de Zé Luís e Luis Díaz.


O Benfica venceu o encontro mais complicado da série, após falhar rotundamente noutros mais acessíveis. Nos Arcos, juntou momentos de solidez a outros menos bem conseguidos, mas pôde daí sair reforçado em duas ideias fundamentais: um Weigl que se assume pedra nuclear e um Seferovic a dar sinais de retoma. As duas expulsões, justificadas, não passam de falsa questão.


Amorim conseguiu transplantar para Alvalade a aura positiva cultivada na Pedreira, e bem que os arsenalistas se ressentem do vazio. O processo cresce em moral, e assenta também em algumas boas exibições individuais e um ou outro acidente feliz. Os sinais dados pelos jovens podem ajudar a que se encare o mercado com mão cirúrgica: um novo central esquerdino para o lugar de (ou para render) Mathieu, mais soluções para o duplo-pivot e um extremo-direito capaz de jogar por dentro. Faltará, depois, a profundidade. Só que é preciso esperar: o grande teste ainda não chegou.


Entretanto, Fernando Santos renovou, algo tão previsível quanto o futebol da Seleção: é o técnico ideal para uma federação que não quer problemas ou casos com jogadores. Haverá ainda a dívida eterna de alguns por um Euro-2016 com muitos incidentes e escassas vitórias, e até uma Liga das Nações que ninguém sabe bem o que vale, mas daí a ser o mais indicado para aproveitar a qualidade das últimas gerações e a construção de um processo que não dependa de Ronaldo vai grande diferença.