O plano e os twists
Águias têm dois jogos para garantir um título que assenta-lhes melhor do que aos rivais
UM plano para seguir e acreditar mesmo quando tudo não parece funcionar como antes. Parece demasiado simples, mas o futebol também, por vezes, se reduz à simplicidade. O Benfica não tinha um plano e passou a tê-lo; esse plano, que tem sobretudo um rosto, o de Roger Schmidt, funcionou obviamente durante os melhores momentos e, sobretudo, nos menos bons da época, por paradoxal que possa parecer.
Porque o alemão confiou sempre no seu processo, nos seus jogadores e, não menos importante, soube procurar um ou outro twist que, de certa forma, os reativasse sem perda de identidade. Foi assim com Chiquinho, que ninguém via como médio-centro, depois com Aursnes, em quem nunca se vislumbrara um lateral, e por fim com João Neves, que colocou ao lado de Chiquinho, para um duplo-pivot cheio de técnica e energia de 1,75 metros de altura, contrariando o estereótipo do trinco robusto e agressivo que vinga na maior parte das equipas.
As águias têm duas partidas para somar três pontos e garantir um título que, ainda sem estar confirmado, assenta-lhes melhor do que aos rivais e por alguma distância. Falta-lhes o que, por vezes, é o mais complicado: concretizar intenções. Em Alvalade, o dérbi promete elevar as dificuldades, sobretudo na questão da pressão à saída leonina, embora Portimão até para isso tenha servido de ligeiro ensaio.
P.S. A Roma está bem colocada para vencer a Liga Europa, embora haja ainda a segunda mão da meia-final e uma final para fechar, e José Mourinho poderá engrandecer um currículo extraordinário. No entanto, a nível interno, num ano em que nenhum dos gigantes esteve em grande nível - o Nápoles aproveitou e bem -, a época dos giallorossi está muito aquém de ser um sucesso. De uma equipa de Mourinho espera-se sempre muito mais do que esta nos tem dado.