O mecenas dos pequenos
Gastar dinheiro para obter vantagens ou reverência dos oponentes roça o ridículo
O Observador publicou reportagem sobre um alegado domínio económico-desportivo por parte da SAD do SLB e do seu próprio presidente em relação aos clubes mais «pequenos». Tal notícia transpirou responsabilidade penal por todos os poros. Aparentemente, o DCIAP e a Polícia Judiciária investigam uma suposta dependência económica face ao mecenas SLB por parte de algumas SAD como o Santa Clara e os afogados Desp. Aves e V. Setúbal. A promoção de transferências a custo zero e o empréstimo de jogadores (nada baratos) com o objetivo de tentar ou obter vantagens desportivas poderá desaguar, para aqueles jornalistas, na prática de corrupção para efeitos da Lei 50/2007 de 31 de Agosto. Em particular, arrisca-se, na corrupção ativa em que a mera tentativa é punível (artigo 9.º). Já uma possível fraude fiscal, branqueamento de capitais e participação económica em negócio faz-nos, ironicamente, colocar a SLB SAD como o BES nos tempos áureos. Justo seria que os resultados desta investigação, entre outras, a revelarem-se conclusivos na formalização de uma acusação, fossem escrutinados pelos verdadeiros juízes e principais interessados: os acionistas da SAD e os sócios do clube. A empresarialização do futebol nacional fortaleceu os dirigentes e fragilizou os sócios. É questionável a aplicação de uma estratégia em que se gastam verbas em atletas para emprestá-los sem intencionar reaver, no mínimo e de forma económico-logicamente percetível, cada euro investido. Gestão danosa ou delapidação de património? É imperativo investir na competitividade da própria equipa para se tentar ganhar. Gastar dinheiro para (tentar) obter algum tipo de vantagem ou até mesmo uma reverência por parte dos oponentes roça o ridículo. Tal como um Boaventura qualquer armado em cicerone do pai de um atual atleta profissional a digladiar-se no Campus, o ano passado, como se trabalhasse para a SAD.