O legado do Thinking Football Summit

OPINIÃO27.11.202205:30

Hoje, o futebol profissional é uma alavanca de crescimento, emprego e exportações

ASSINALÁMOS neste espaço o desafio a que a Liga Portugal, os clubes e os nossos parceiros se propuseram com a realização do Thinking Football Summit. Uma semana depois, o objetivo foi cumprido e, como declarou o presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, haverá um antes e um depois do Thinking Football Summit. Nunca nada desta dimensão fora organizado em Portugal e o Futebol Profissional fez história no Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota. O Thinking Football Summit deixa uma marca na organização de fóruns de discussão e reflexão do futebol enquanto indústria e a segunda edição, a 7, 8 e 9 de setembro de 2023, acrescenta-nos responsabilidade. Nunca será de mais agradecer a todos os clubes, parceiros, em especial à Câmara Municipal do Porto e à Fun Addict.

O Thinking Football Summit mostrou-nos que é possível organizar um evento internacional e que a todas as reflexões promovidas por oradores de inquestionável valia podemos acrescentar uma parte dedicada aos adeptos e proporcionar-lhes uma experiência única.

Não podíamos, também, ter escolhido um palco melhor para, em conjunto com a Ernst & Young, apresentar a sexta edição do Anuário do Futebol Profissional Português, 2021-2022, num painel que contou com as intervenções de Miguel Farinha (EY), de Pedro Siza Vieira, antigo ministro da Economia, e de António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Em 2021/2022, o futebol profissional contribuiu com mais de 617 milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) e pagou mais de 214 milhões de euros em impostos. Gerou mais de 3500 postos de trabalho, investiu mais de 905 milhões de euros e obteve mais de 913 milhões de euros em receitas. Números que mostram a recuperação económica, o impacto do futebol na economia e a importância do setor.

O Anuário do Futebol Português é um documento fundamental para compreender a dimensão económica da indústria e as intervenções dos oradores mostraram-nos que a internacionalização da marca é o caminho a seguir. Projetar a imagem do futebol português num mercado global, como considerou Pedro Siza Vieira, com dimensão, inovação e internacionalização, como acrescentou António Saraiva.

Hoje, o futebol profissional é uma alavanca de crescimento, emprego e exportações. O desenvolvimento da indústria tem sido sustentado, assente na crescente profissionalização dos clubes, hoje ecossistemas empresariais, como a própria Liga Portugal. Um dos legados que este Thinking Football Summit nos deixa é a certeza de que estamos num bom caminho, mas que temos de criar condições para a sustentabilidade da nossa indústria, e em concreto dos nossos clubes.

A centralização dos direitos audiovisuais será um passo determinante no caminho de desenvolvimento do nosso futebol e de aproximação com as grandes ligas europeias. No entanto, é preciso ter presente que o valor de receitas oriundas das competições internacionais tem um peso ainda maior que o valor dos direitos audiovisuais, sendo determinante continuar a reflexão e debate internacional sobre os modelos de distribuição desses valores tendo em consideração o impacto e equilíbrios que esse dinheiro tem na competitividade interna e externa das ligas e dos clubes.

Nota Final — Faleceu ontem o bibota de ouro Fernando Gomes. Marcou muitos golos. Mas marcou acima de tudo o futebol português, dentro e fora do campo. Um nome que será, certamente, lembrado para sempre. Que descanse em paz.