O futebol no papel do ‘idiota útil’

OPINIÃO31.07.202306:30

O apoio de Manuel Pizarro a Pinto da Costa significa que o futebol está menos tóxico? É bom lembrar a histeria em torno do Benfica...

MANUEL PIZARRO, ministro da Saúde, será o primeiro subscritor da candidatura de Pinto da Costa às eleições no FC Porto, que terão lugar em 2024. Trata-se de uma figura de prestígio no universo portista que, pelo facto de exercer funções institucionais de ordem política, não deve ser despojado de direitos de cidadania na sociedade civil, como este que vai exercer. Dito isto, que traduz, aliás, a posição que sempre tomei, nesta matéria, independentemente de cores, gostava de saber qual vai ser a reação da corte de carpideiras que, indignadas pela promiscuidade que juravam detetar, choraram baba e ranho pela democracia, quando figuras da política apoiaram candidaturas noutros clubes, nomeadamente no Benfica, onde o ruído foi maior. Os comportamentos histéricos, que se alargaram a presenças de cortesia no camarote presidencial da Luz (como sempre sucederam noutros estádios, por cá e lá fora...), vão repetir-se, ou a hipocrisia vai conhecer nova e épica vitória?


Devo dizer que saúdo a coragem de Manuel Pizarro ao dar a cara pelo recandidato azul e branco, e espero que estejamos perante um abrandamento da toxicidade que tem enfraquecido o futebol, em grande parte por causa de práticas (nomeadamente de Pinto da Costa) que feriram a imagem do dirigismo desportivo, mas que indubitavelmente foram aproveitadas por quem, depois, foi capaz de manter-se no mais absoluto e comprometido silêncio quando questões muito mais graves, envolvendo corrupção, chegaram de universos diversos, como a política, os negócios ou a banca, que custaram milhares de milhões de euros ao erário público. O futebol, apesar de culpas próprias, pelo mediatismo que o envolve, tem sido uma espécie de idiota útil que serve para desviar as atenções da opinião pública, sempre que outros setores estão debaixo de fogo... 

Osucessor de Fernando Gomes na FPF - eleições em 2024 sem o atual presidente - vai ter de mostrar muito serviço para não perder na comparação com o líder cessante. O boom do futebol no feminino é apenas mais um caso flagrante de antes e depois. É com curiosidade que se aguardam, depois da contagem de espingardas em curso, as candidaturas à Cidade do Futebol.

ÁS – ANTÓNIO OLIVEIRA 

O filho de Toni, treinador do Cuiabá, segue de vento em popa, depois de garantir a terceira vitória consecutiva no Brasileirão, onde sua equipa, uma das mais modestas, segue na oitava posição. Tem sido interessante verificar a evolução do júnior, que começou debaixo da asa do pai, mas agora já voa, e bem, sozinho.
 

ÁS – MARCUS EDWARDS

Na vitória categórica do Sporting sobre o Villarreal, o leão mais inspirado foi  Edwards, autor de um golo de fazer levantar o estádio. O extremo inglês é um daqueles jogadores, cada vez mais raros, que, por imprevisíveis, valem a ida ao estádio e o preço do bilhete. Jesus Correia, o Violino da direita, de certeza que gostou. 
 

REI – ROGER SCHMIDT 

A dez dias da Supertaça Cândido de Oliveira, o Benfica tem mal resolvida a questão do duplo-pivot, e está a apresentar um futebol vistoso, mas com pouca objetividade. Questões que Roger Schmidt deverá encarar sem poder olhar a nomes. Num plantel onde as opções abundam, aumenta a responsabilidade do treinador.