O efeito/Mundial no mercado de janeiro

OPINIÃO26.12.202205:30

A cobiça pós-Mundial dos clubes mais ricos pelas estrelas emergentes transferiu-se de julho para janeiro, com danos colaterais à vista...

QUANDO se soube que o Campeonato do Mundo de Futebol de 2022 seria disputado em novembro/dezembro, a meio da época, e não em junho/julho, já finalizada a temporada dos clubes, de imediato foram levantadas questões que tiveram sobretudo a ver com as consequências da paragem de mês e meio nos campeonatos, por via da ausência competitiva, que podia afetar atletas e equipas na hora do recomeço.

Aquilo que não foi devidamente antecipado teve a ver com o impacto do Mundial na cotação dos jogadores, a poucos dias da abertura da janela de transferências invernal. E não foi preciso esperar muito para que os tubarões com os bolsos mais fundos sentissem o cheiro a sangue dos craques emergentes, e entrassem em modo de caça, avançando com argumentos difíceis de contraditar.

O caso de Enzo Fernández, que num ápice passou de futebolista promissor, apenas suplente da Argentina, a titular absoluto, com influência direta na conquista do título Mundial, e eleito melhor jogador jovem do torneio, é paradigmático, acontecendo o mesmo com Gvardiol, Mac Allister, Gakpo, Gonçalo Ramos ou Kolo Muani, nenhum deles a atuar num dos mais ricos clubes do Planeta.

A partir de 1 de janeiro conhecer-se-à a extensão dos danos, em termos de mexidas nos plantéis, uma realidade que irá provocar um efeito dominó que fará a felicidade de muitos empresários e afins.

Obviamente, o Benfica deve estar preocupado com a possibilidade bem real de perder Enzo Fernández, assim quem já ofereceu  100 milhões chegue aos 120 da cláusula, e o jogador esteja de acordo em mudar de ares para a Premier League. Ir ao mercado será uma inevitabilidade, com resultados a curto prazo sempre incertos. Mas também o Sporting pode estar a viver momentos de angústia com aquele que tem sido o seu jogador mais decisivo, Pedro Porro, o único que se sabe sempre quando não está em campo. Sendo 45 milhões muito dinheiro, e esse é o valor da cláusula do espanhol, o jogador vale isso e muito mais, não sendo de descartar que o Tottenham de Conte, que também joga com três centrais, e que não tem nenhuma boa solução à direita desde a saída de Kyle Walker para o City, em 2017, leve mesmo Pedro Porro.

E aí, sim, Rúben Amorim terá um problema intrincado em mãos.
 

ÁS — RUI COSTA

A forma como o presidente do Benfica está a lidar com as ofertas estratosféricas por Enzo Fernández, estando disposto a tentar convencer o jogador a ficar na Luz até ao fim da época, mesmo que a cláusula de 120 milhões seja já batida, é prova da mudança de paradigma nos encarnados. Primeiro a opção desportiva, depois o resto.
 

ÁS — RÚBEN AMORIM

Depois de um início de época titubeante, quando tanto ganhava ao Tottenham como perdia com o Varzim, o Sporting dá sinais de recuperar a estabilidade exibicional e promete um ano de 2023 sempre a olhar para cima. A este facto não será alheia a recente renovação de contrato, que valeu como voto de confiança a sério...
 

DUQUE — PAÇOS DE FERREIRA

Apenas um ano e quatro meses separam a vitória histórica, no Estádio Capital do Móvel, do Paços de Ferreira sobre o Tottenham, para a Liga Conferência, da atual situação dos castores, que transportam a lanterna vermelha da Liga, com apenas dois pontos em 13 jogos. Quem é capaz de explicar esta descida ao Inferno?