O bom líder Bruno Fernandes

OPINIÃO06.07.202004:00

NÃO esperava impacto tão grande e tão imediato, confesso. Bruno Fernandes foi enorme no Sporting, e os números - 63 golos e 52 assistências em 137 encontros - apenas sublinham as boas decisões. Nunca a liderança, sempre inquantificável.

Em Manchester, encontrou irreverência e talento em maturação, e ainda experiência, mas poucos líderes. É que já lá não moram Keane, Scholes, Giggs ou sequer os Nevilles. Apesar da inegável qualidade de De Gea, Matic ou Mata, nenhum está confortável no papel e foi também por isso que foram gastos 87 milhões em Maguire, um dos capitães de Inglaterra desde 2018, e lhe entregaram a braçadeira,  assim que Ashley Young saiu para o Inter. Contudo, ainda não chegava.

O único com arrogância suficiente para tomar as rédeas era Pogba, mas o francês tinha muitas semanas de recuperação pela frente. Bruno Fernandes viu a porta escancarada para conquistar o seu espaço e fê-lo sem medo ou hesitação. Assumiu a bola e o desgaste das decisões, inclusive cantos e livres.

Pogba foi assistindo de fora e terá percebido que seria melhor jogar com o português do que contra ele, e que até poderia beneficiar da menor exposição e voltar a aspirar a conquistar troféus. O último obstáculo derrubou-se.

Bruno Fernandes tornou-se o bom líder, ao confiar e delegar. O penálti de Rashford, o livre direto de Pogba e até o servir de Fred para o remate frontal diante do Bournemouth, quando ele próprio poderia ter definido melhor, demonstra que tem tudo controlado. É um exemplo de inteligência emocional num dos maiores clubes do mundo. E de humildade.

Bruno era enorme, mas só poderia assumir-se como top mundial numa Big Five. Foi nisso que se tornou na fantástica Premier. E será ainda a maior referência de liderança da Seleção pós-Ronaldo, com Bernardo Silva ao seu lado.