Mudanças nas regras ou bluff?
Torneio sub-19 nos Países Baixos testou alterações radicais ao jogo
SEGUNDO parte da imprensa nacional e internacional - em notícias depois difundidas nas redes sociais -, a FIFA teria patrocinado um teste-piloto com o objetivo de avaliar se seria pertinente propor ao IFAB alterações estruturais às leis de jogo.
O tubo de ensaio escolhido para colocar em prática essas mudanças seria o Torneio de Sub/19 (”Taça do Futuro”), que se disputou no passado fim de semana, nos Países Baixos.
A prova, que juntou quatro equipas - AZ Alkmaar e PSV Eindhoven (da casa), Leipzig (da Alemanha) e Brugges (da Bélgica) -, introduziu quatro variáveis radicais ao jogo:
1. As partidas foram divididas em duas partes de 30 minutos. Sempre que a bola estava fora ou o jogo era interrompido, o cronómetro parava. No fundo, a contagem de tempo passou a ser a mesma que hoje é realizada, por exemplo, em jogos de futsal ou basquetebol;
2. Substituições ilimitadas: em vez das cinco que são excecionalmente autorizadas nos dias de hoje, cada equipa podia efetuar as alterações que quisesse, quando quisesse. Não ficou claro se isso aconteceria apenas em paragens de jogo ou de forma “volante”, ou seja, com a partida a decorrer mas sob supervisão de um elemento da equipa de arbitragem;
3. Lançamentos laterais efetuados com os pés (também não se esclareceu se obrigatoriamente dessa forma ou se podiam continuar a ser lançados com as mãos);
4. Sancionar o jogador que visse cartão amarelo com 5m de suspensão temporária (cumprida fora do terreno de jogo, com supervisão de um elemento da equipa de arbitragem).
Entretanto, o diário catalão “Mundo Deportivo”, através de artigo assinado por Jaume Miserachs, veio esclarecer que após consulta à FIFA, o organismo que tutela o futebol mundial terá demarcado-se da experiência, afirmando que a ideia não foi sua.
Depois do que se disse e não disse e até esclarecimento oficial em contrário, ficámos sem saber de quem partiu a ideia: se dos organizadores do evento (teoricamente sem autorização formal para isso), se da KNVB (Federação Holandesa de Futebol), com o acordo dos clubes envolvidos e conhecimento da FIFA ou se do próprio organismo, como antes foi difundido.
Seja como for, convém olhar para as mudanças propostas e perceber que futebol teríamos num futuro próximo, caso as alterações constassem da lei.
A cronometragem do tempo de jogo é ideia antiga e, apesar de não haver comparação possível entre futebol e futsal (do número de jogadores às dimensões do campo, é tudo diferente), o modelo podia funcionar se bem pensado e executado: o jogo teria maior fluidez, haveria menos simulação de lesões e menos paragens forçadas. Até os “intervalos” podiam ser explorados para efeitos comerciais e entretenimento dos adeptos. O mesmo aconteceria com a introdução de substituições volantes: o jogo teria menos perdas de tempo, haveria maior dinamismo em campo e as equipas podiam refrescar ativos, aumentando a intensidade das suas ações. Suspensão temporária do jogador advertido? Porque não? O infrator perceberia a lição e a sua equipa também, o que desincentivaria futuras faltas mais duras/perigosas.
Difícil de digerir seriam os lançamentos laterais com os pés: o jogo ficaria taticamente descaraterizado, haveria menos jogo jogado, mais “chuveirinho” para a área e uma maior propensão para o conflito/polémica entre jogadores.
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