Incompetência

Não se pode continuar a conceber os árbitros enquanto seres intocáveis

AS críticas aos árbitros vão-se acentuando na reta final da liga. Certo é que as mesmas são legítimas e fundamentadas. Reconheça-se: a incompetência é gritante demais. Bastante superior a qualquer suspeita de corrupção ativa ou passiva. Estas são contas de outro rosário que exigirão um processo de investigação rigoroso e sigiloso que deve concluir com um nível de certeza infalível. É que, ao final do dia, poderão vir a colocar em causa não só títulos mas vidas humanas. Para já, foquemo-nos em como tentar libertar os árbitros do peso da gravidade de análise de uma possível atuação premeditada. Mantenho a minha insistência pública sobre a necessidade dos árbitros terem que se manifestar publicamente sobre as suas atuações. Os treinadores e os jogadores já o fazem. Porque não os árbitros? Este mínimo plano comunicacional não ajudaria a minorar o impacto que paira sobre a incerteza e dúvida na pessoa que acabou de arbitrar lances duvidosos e que ditam resultados? É imprescindível perceber-se o critério de cada árbitro para que, mais tarde, se possa exigir a necessária coerência a todos os profissionais e, até mesmo, para que o Conselho de Arbitragem seja também coerente com a sua avaliação final. Estude-se e desencadeie-se uma forma de passar a mensagem para os clubes e adeptos. Não se pode continuar a conceber os árbitros enquanto seres intocáveis. A Federação e a Liga não pensam sequer numa resolução eficaz. Preferem optar pela desmesurada proteção indireta aos árbitros através do próprio sistema (que tão carinhosamente Dias da Cunha apelidou nos meados desta década). Chegou a hora de dar aos adeptos algo em troca pelas más exibições dos árbitros. Durante 10 anos, integrei o Conselho Técnico de uma das maiores Associações Distritais de Futebol onde, em 99% dos casos, se analisava e penalizava árbitros pelos erros cometidos. Sei dos vários problemas na arbitragem mas também que é possível corrigir a falta de qualidade e incompetência.