Dragões a festejar entre  calafrios e alguns assobios (crónica)
SC Braga foi de menos a mais e assustou o dragão. FOTO GRAFISLAB

FC Porto-SC Braga, 2-1 Dragões a festejar entre calafrios e alguns assobios (crónica)

Depois de meia hora de domínio absoluto, o FC Porto pareceu mais cansado do que o SC Braga da quinta-feira europeia, e viu-se e desejou-se para vencer arsenalistas sempre de menos a mais…

Os primeiros trinta minutos do 137.º jogo entre dragões e arsenalistas a contar para a Liga foram praticamente de sentido único e fizeram com que se antecipasse um triunfo tranquilo dos donos da casa. Puro engano. A pouco e pouco os minhotos foram equilibrando as operações, aproveitaram bem a intranquilidade que se foi apossando do FC Porto, fruto do trauma recente que foi o golo de Maguire, já a desoras, na partida com o Manchester United, conseguiram empatar o jogo, ficaram de novo em desvantagem numa desatenção num lançamento lateral, e acabaram por cima, a obrigar os dragões a baixarem linhas e a terem como primeira e única preocupação garantir que a vantagem tangencial não lhes fugia.

Num jogo que não foi particularmente bem jogado, por um lado porque o FC Porto só teve fulgor no primeiro terço da partida, por outro porque o meio-campo que o SC Braga apresentou é pouco dado à construção e Ricardo Horta andou tempo demais alheado da ação, acabou por não faltar aquela emoção que é feita de incerteza e que mantém os espectadores colados ao espetáculo até ao derradeiro instante. Porém, a ideia que fica é que a pausa das seleções e a retoma com a Taça de Portugal vão fazer bem às duas equipas, aos portistas porque vão poder regenerar-se fisicamente, aos arsenalistas porque verão regressar algumas unidades nucleares da sua equipa.

Carvalhal contra Bruno

O FC Porto apresentou o mesmo onze que tinha usado contra os red devils, e não inovou na forma de jogar, ou seja, manteve as alas essencialmente entregues aos laterais, colocou Pepê, Galeno e Nico nunca muito longe de Samu, entregando a Eustáquio e Varela os equilíbrios defensivos. A esta largura atacante, respondeu o SC Braga com uma defesa praticamente a cinco (e sempre que necessário, até com linha de seis) com Marín a fazer de terceiro central e Gabri a jogar como defesa esquerdo, compensando as subidas de João Mário. Destes encaixes, a vantagem começou por ser portista, porque Gorby e Vítor Carvalho não conseguiam ter bola, Roberto Fernandez, um trabalhador incansável, não era municiado, e a qualquer momento sentia-se que o golo dos dragões podia acontecer. Além de um putativo 1-0 (3 minutos) bem anulado pelo VAR por falta de Samu, os portistas tiveram ocasiões claríssimas aos 13', 20' e 22', período em que asfixiaram o

SC Braga. Bastou, contudo, um ótimo passe de Vítor Carvalho para Gabri, aos 30 minutos, que rematou para grande defesa de Diogo Costa, para o FC Porto se encher de dúvidas, e os arsenalistas passarem a respirar melhor. Quis o destino, contudo, que fosse no melhor período bracarense que João Ferreira fizesse penálti sobre Galeno, à beira do intervalo, que resultou na vantagem da equipa da casa.

Um SC Braga melhor

Na segunda parte Vítor Bruno trocou João Mário, amarelado e sob pressão, por Martim Fernandes, mas foi o SC Braga a começar por fazer um aviso solene, aos 53', quando Ricardo Horta, em boa posição, rematou por cima, para, no minuto seguinte, Roger encher o pé esquerdo e assinar um golo de bandeira que colocou tudo empatado. Foi sol de pouca dura para os minhotos, apanhados a dormir, aos 59 minutos, num lançamento lateral, culminado com um passe de Nico para Pepê, que bateu Matheus.

Carvalhal mexeu bem, desfez o cinco da retaguarda, colocou Iuri Ribeiro como defesa esquerdo e Bruma a fazer a ala à sua frente e a pouco e pouco sentiu-se que o FC Porto, mesmo que refrescado com Fábio Vieira, cada vez mais se retraía, ficando à mercê quer de bolas paradas, quer de remates de meia-distância. E essa tendência acentuou-se quando Vítor Bruno, aos 81 minutos, reforçou o meio-campo, tirando Pepê e Galeno e fazendo entrar Namaso para esquerda e Vasco Sousa para a zona central. O SC Braga não se fez rogado, aceitou o convite, tomou conta do jogo do ponto de vista territorial, ainda lançou Gharby, El Ouazzani e Guitane, e acreditou até ao fim. Os portistas depararam-se com algum desagrado das bancadas, mas quando João Pinheiro deu por finda a partida aos 90+8', jogadores e adeptos suspiraram de alívio. Tinham passado por um aperto que se calhar não esperavam, mas os três pontos ficaram em casa.