Histórias de viageiros

A BOLA DE BERLIM Histórias de viageiros

OPINIÃO02.07.202409:00

LEIPZIG — Não tenho o descaramento de fingir o hábito de ouvir Fausto, mas lembro-me bem dos tempos em que um tio deu-me a conhecer a sua obra, mas também de Vitorino, Janita Salomé, Sérgio Godinho ou Zeca Afonso, entre tantos outros. Esse meu tio, que a esta hora já deve ter desafiado o ídolo Manuel Fernandes para ir a uma tertúlia protagonizada por Fausto, adorava Histórias de Viageiros que a equipa de A BOLA por aqui conta. Um tanto ou quanto avesso a chamadas telefónicas, como eu, deixaria comentários nas redes sociais para mostrar que estava a seguir o meu trabalho e também dos meus colegas. Imagino-o a esticar o jornal em cima do microondas e a ler compenetradamente, enquanto fuma um cigarrinho à janela. Calculo que o denso bigode escondesse um sorriso tímido ao saber que a manhã de ontem foi dedicada a tratar da roupa numa lavandaria self-service, por inexistência desse serviço nos hotéis que nos têm acolhido. Divertir-se-ia ao ler que os polos de A BOLA encolheram um pouco na primeira lavagem, mas que assim é que ficaram do tamanho certo para o sobrinho. Quando tudo estivesse já lido, enviaria uma mensagem a dizer que devemos estar sempre preparados para o que der e vier. Nós e a Seleção.