Futebol: A Eterna surpresa

OPINIÃO08.09.202206:30

Árbitro foi decisivo ontem em Madrid. Já é tempo de a FPF assumir perante a UEFA a defesa da vertente desportiva para os clubes portugueses

REGRESSEMOS à época de 2013-2014, na qual o Leicester conquistou o direito a jogar na Premier League. Na época seguinte (2014-2015), o clube lutou com muita garra e conseguiu evitar a despromoção. Na época de 2015-2016, o foi campeão de Inglaterra. Que grande e brilhante exemplo, provando que tudo se pode conseguir, com união, determinação e vontade de superação. Esta história verdadeira poderá alimentar esperanças daqueles que não se conformam com o que a imprensa valoriza ou esquece. Para isso, é imprescindível uma só atitude, uma vontade partilhada e o foco bem definido, porque não há impossíveis, apenas vencedores de mérito. Após este facto, ficou demonstrado que todos os clubes merecem a mesma ambição e as mesmas decisões de arbitragem. Em Portugal, as tutelas do nosso futebol, poderiam trabalhar em conjunto, com eficácia e imparcialidade, para valorizar as equipas, torná-las mais competitivas, particularmente as que disputarem provas europeias. Para isso, a nossa Liga tem de mudar em termos de exigência, acompanhamento e organização eficiente. O processo aberto a uma jornalista por ter colocado uma questão pertinente, é revelador do caminho que temos de percorrer. Para evitar situações tão caricatas, é urgente alterar os regulamentos que abrangem decisões inaceitáveis à liberdade de expressão. Os directores dos clubes têm de viver de acordo com os valores essenciais da democracia e não num estado onde podem legislar de forma a desvalorizar a liberdade. Nos últimos momentos para transferências, o mercado agitou-se e fizeram-se negócios repentinos, a pensar em possíveis saídas que é preciso colmatar. Prestes a iniciar a Champions e as outras competições europeias, falta criar condições que potenciem mais competitividade interna, com apoio de arbitragens de qualidade que não permitam tanta perda de tempo, tantas faltas e simulações, que continuam a atrofiar a qualidade do nosso futebol. É imprescindível a aplicação das leis de jogo pelos árbitros, com critérios uniformes. A FPF tem como objectivo duplicar o número de praticantes federados, numa previsão de 400 mil atletas (325 mil masculinos e 75 mil femininos), e voltar a conquistar a 6.ª posição no ranking da UEFA, no qual já fomos ultrapassados pelos Países Baixos. Há clubes nacionais que dão a ideia de ter um cofre sem fim para contratar jogadores, por verbas elevadas para o nosso meio. O único pormenor que se exige é transparência e equilíbrio financeiro para evitar futuros dependentes… Recordemos que além dos quatro clubes mais poderosos a nível nacional, torna-se muito difícil e caro contratar jogadores que façam a diferença, porém essa dificuldade pode ser superada com a descoberta de novos valores que consigam aproveitar oportunidades e revelem talento para aspirar voos mais altos, permitindo encaixe financeiro a quem os descobriu. 
 

Arbitragem no Atl. Madrid-FC Porto «foi do início ao fim a inclinar para o mesmo lado»


LIDERANÇA DO TREINADOR

HÁ momentos em que é indispensável conseguir mudar atitudes e mentalidades. Uns reagem para ultrapassar o medo de falhar e lutam pela titularidade, outros acrescentam valor e confiança. Alguns apoiam-se na equipa, evitando perder o lugar, outros colaboram com intensidade para tornar a equipa mais forte. O jogador tem de lutar sempre pelo êxito, evitando dar espaços aos adversários, superando dificuldades para agir com qualidade. O treinador, para além da definição do modelo de jogo, das estratégias, das alterações indispensáveis, define o plano, trabalha em sua função e reforça a mentalidade de cada um para optimizar a competitividade. Como líder, aperfeiçoa durante os treinos as dinâmicas mais adequadas e, em cada jogo, exige o máximo nível de pressão sobre a bola, a organização defensiva e ofensiva, acrescentando rotinas de sucesso e movimentações variáveis. Jogar em sintonia depende sempre da qualidade do maestro. O reforço técnico, táctico, fisiológico, psicológico e a entrega ao jogo, exige sacrifício, cooperação e identidade. O conjunto é a unidade mais forte de todas e isso só o treinador consegue implantar. Sérgio Conceição é um excelente exemplo do que se pratica e se exige ao treinador de hoje: depois de Vila do Conde, estrearam-se 5 jogadores como titulares e regressou a dinâmica vitoriosa. Na comunicação perante os jornalistas, cada vez mais tem de fazer uso da capacidade de síntese e de destaque dos pontos essenciais, não só para o público mas também para dentro do grupo. Para muitos colaboradores e dirigentes que são imprescindíveis, o peso dos resultados tem um destino obrigatório: a vitória é de todos e a derrota é só de um… é injusto, mas será sempre assim. A 7 de Setembro, o FC Porto iniciou a participação na Champions, em Madrid, defrontando o Atlético local: os azuis e brancos perderam 2-1 (no último segundo e para além dos 9 minutos de compensação), num jogo em que o árbitro teve influência decisiva, tendo Otávio de se deslocar ao hospital e ainda lhe foi marcada falta, apesar deter sofrido “atropelamento” brutal. Já é tempo da FPF perante a UEFA assumir a defesa da verdade desportiva para os clubes portugueses e impedir que árbitros assim apitem jogos desta importância: foi desde o início atá ao fim a inclinar para o mesmo lado… Afinal a importância das Ligas não é a mesma. Para quando sanções para arbitragens sem qualidade para provas desta dimensão? A densidade competitiva é uma das realidades complexas, talvez a mais dura, para se conseguir focar nas competições internas e no dia seguinte nas competições europeias, com as inevitáveis viagens cansativas, física e mentalmente exigentes. O grupo do FC Porto é equilibrado, logo complicado para previsões (Atlético de Madrid, Brugge, Leverkusen). A única certeza é a vontade de vencer, como hábito natural do FC Porto. De 7 de Setembro a 1 de Novembro, o FC Porto terá 6 jogos internacionais muito difíceis, com pouco tempo para recuperação e disputando em simultâneo a nossa Liga.
 

PREVISÕES, FANTASIAS, PRESSÕES OU INCLINAÇÕES?

Odesignado CIES, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia - Observatório de Futebol, indica como previsível campeão de 2022/23 o Sporting, seguido do Benfica. De acordo com os “especialistas”, o FC Porto não vai conseguir defender o título. Vizela e Arouca apresentarão más notícias. O CIES, não se ficou por aí e indicou também as previsões de classificações finais de 23 campeonatos nacionais europeus, como por exemplo: em Inglaterra, o Manchester City será campeão, seguido do Liverpool e o Manchester United deverá ficar em 6.º lugar. Em Espanha, o Real Madrid vai ser campeão, Atlético Madrid em segundo e o Barcelona em terceiro. Na Alemanha, o Bayern Munique continua a vencer. Em França o PSG renova título. Em Itália, o Inter será campeão… A Roma de José Mourinho ficará em sexto lugar. Foi usado um modelo estatístico com base nos desempenhos desportivos das equipas nas duas últimas épocas, a experiência dos jogadores e os gastos com transferências. Não seria mais fácil acertarem na chave do euromilhões? Haverá pressão clubística escondida? O futebol é outro universo, felizmente imprevisível.


FUTEBOL NACIONAL

OVizela esteve perto de surpreender o Benfica na Luz, embora o caudal ofensivo adversário acabou por furar a estratégia bem delineada pelo treinador vizelense. Arbitragem (árbitro e VAR) sem consistência nem coerência. O Benfica venceu novamente com golo de grande penalidade, como já tinha ocorrido com o Paços de Ferreira (nesse caso, não foi assinalado um penalti a favor dos castores). O Sporting resolveu cedo a partida com o Estoril, evitando surpresas nos momentos finais: 12 cartões amarelos foram exagero ou falta de controlo? O Braga mantém-se bem classificado após vencer, em casa, o Guimarães, com um golo aos 90´+8. O FC Porto dirigiu-se a Barcelos para defrontar o Gil Vicente e também para recuperar a sua dinâmica habitual, pressionante e criadora de oportunidades de golo, com movimentação coletiva eficiente, conseguindo marcar dois golos sem sofrer algum, com um destaque merecido para Eustáquio.
 

REMATE FINAL 

Erling Haaland, o avançado contratado pelo Manchester City, comprovou o que se esperava da sua enorme capacidade: 3 golos marcados dos 6 da equipa, no jogo com o Nottingham e passou a ser o estreante na liga inglesa a marcar mais golos no jogo inaugural e continua conseguindo mais recordes.

O FC Porto agradece a preocupação de adeptos de vários clubes, pelo comentado risco de não conseguir cumprir as regras do fair-play financeiro: podem estar tranquilos porque a SAD do FC Porto apresentará contas positivas no exercício do 2021/22 e tudo ficará resolvido dentro do prazo.
 
Ivo Vieira, treinador do Gil Vicente afirmou; «Perdemos porque o FC Porto foi melhor, fez dois golos e ganhou bem». Desportivismo é sempre de salientar. Exemplar e rigoroso!

Felipe, ex-jogador do FC Porto, que integra o plantel do Atlético de Madrid, não jogou contra os azuis e brancos por castigo e afirmou: «Sérgio Conceição é um treinador muito exigente. Vai ao detalhe, procura tirar o melhor dos jogadores. Aprendi e cresci com ele».