FC Porto: Ouro da casa, lembra-se, 'mister' Vítor Bruno?
Vítor Bruno, na época de estreia como técnico principal do FC Porto, já conquistou uma Supertaça (Imago)

Opinião FC Porto: Ouro da casa, lembra-se, 'mister' Vítor Bruno?

'Hat trick' é o espaço de opinião semanal do jornalista Paulo Cunha

1 O FC Porto jogou mal e perdeu de forma natural no sintético do Bodo/Glimt, um adversário de qualidade — desde que goleou (6-1) a Roma de Mourinho, em outubro de 2021, deixou de poder ser apelidado de ilustre desconhecido — que fez os dragões perderem o norte na Noruega já no Círculo Polar Ártico.

A proximidade dos factos justifica sempre algum exagero na análise, mas na história centenária dos azuis e brancos houve outros desfechos, esses sim, escandalosos, à cabeça a eliminação nas Antas aos pés do Wrexham, em outubro de 1984. Menos de três anos depois, com o mesmo treinador, Artur Jorge, e nove jogadores que testemunharam como titulares o adeus frente à equipa galesa do quarto escalão inglês, os portistas festejaram em Viena. Se recuarmos dois anos, para dar exemplo mais recente, a goleada de 0-4 no Dragão, diante do Club Brugge, também entra para as posições cimeiras da lista de horrores.

Quando foi apresentado, Vítor Bruno destacou o ouro da casa como metal precioso fundamental para o enriquecimento do plantel em temporada condicionada por finanças depauperadas. Mais que a aposta em jovens da formação, interpretei as palavras do técnico como mensagem para o balneário a sinalizar, em última instância, que jogariam os melhores independentemente da idade e que o chamado estatuto valeria zero na hora de definir o onze.

Em Bodo, após jogo muito conseguido em Guimarães, o mais consistente em 2024/2025, Eustáquio, Grujic e Nico González formaram o trio de meio-campo. Além da ausência notada de Alan Varela, inexplicável a abrir prova tão importante exceto se estivesse limitado fisicamente, percebeu-se que o sérvio continua longe de vingar. Que fez Vasco Sousa para deixar de ser opção no pós-Alvalade?

João Mário iniciou a época a mostrar debilidades a defender, evidentes neste encontro com os noruegueses, e perdeu o lugar para Martim Fernandes, capaz de atuar nos dois flancos. O jovem de 18 anos voltou ao banco selado desaire com o Sporting? Porquê?

A insistência em Gonçalo Borges não está a resultar, é inconsequente, para usar um eufemismo, passes de mágica em demasia sem tirar um coelho da cartola. Que teria feito Rodrigo Mora nas costas do avançado com metade dos minutos de utilização proporcionados ao extremo em 2024/2025?

Ouro da casa, lembra-se, mister Vítor Bruno?

2 Não podia estar mais de acordo com Rúben Amorim quando afirma que este é o seu melhor Sporting. «Não vivo muito confortável com essa questão de que somos imparáveis», disse, antes do duelo com o Estoril. O técnico leonino faz bem em ter os pés na terra, porque, mesmo com a equipa mais forte do futebol português e o jogador mais decisivo, perdeu recentemente a Taça de Portugal e a Supertaça.

3 «O país é um grande país, onde há regras, um país seguro. Na Europa já não há nada disto», assim caracterizou Jorge Jesus, em entrevista a A BOLA, a Arábia Saudita, onde treina com sucesso o Al Hilal. Numa frase, JJ explicou-nos o que é uma ditadura, na lista negra da Amnistia Internacional, em comparação com a democracia, «o pior dos regimes, à exceção de todos os outros», conforme imortalizou Winston Churchill.