Fazer doze pontos

OPINIÃO02.05.202107:00

Aqueles minutos iniciais em Tondela foram, mesmo, minutos ‘à Benfica’ e com clara nota artística e em que verton entusiasmou

Faltam quatro jornadas para o final desta Liga bem singular já que a nenhum adepto comum foi proporcionado o prazer de assistir, ao vivo, a um jogo. Sabemos que alguns, privilegiados, tiveram convites e outros, bem ousados, tiveram  oportunidade de assistir, num ponto alto, a jogos bem animados e em que o som dos bancos ecoava, sem sinal condicionante, nos microfones das nossas televisões. Faltam, assim, doze pontos, ou seja, quatro jornadas. E cada um dos clubes joga dois jogos em casa e dois jogos fora. O Benfica defronta, na despida Luz, Futebol Clube do Porto e Sporting e estes dois jogos são verdadeiras finais. Finais em termos de classificação final da Liga e, logo, decisivos e determinantes  em razão do acesso direto à Liga dos Campeões e, também, e em razão  da singularidade dos finalistas da Taça de Portugal, do direto acesso à fase de grupos da Liga Europa. No fim de semana de 19 de maio saberemos tudo. Mas até lá vai haver muita emoção, excessiva paixão, enormes justificações e demasiadas confusões! Dentro e fora dos relvados, dentro e fora das instâncias jurisdicionais desportivas e, até, das estadualmente administrativas. Vão ser dezassete dias em que a agenda mediática desportiva condicionará, acredito, a agenda politica, mesmo a Cimeira Social Europeia que se vai realizar no Porto . Se vivemos, felizmente, um tempo de desconfinamento vamos  viver estes dias próximos em verdadeiro confinamento desportivo e com o futebol - profissional e não profissional - a prender e a preencher as nossas atenções. Quem conquista a Liga, quem ganha a liga dos milhões, quem desce diretamente, quem sobe ( e hoje o Estoril poderá, em determinadas circunstâncias, subir à Liga principal!) e quem vai disputar o play-off de acesso ou e de manutenção da ainda, por curtos dias, Liga NOS. E, aqui, com o Benfica de Jorge Jesus  a ter que fazer tudo - tudo mesmo! - para somar (FAZER) doze pontos nestas derradeiras jornadas. Os primeiros vinte e cinco minutos em Tondela fazem-nos acreditar e sonhar. Mas momentos da segunda parte levam-nos a uma relativa descrença que julgávamos já ultrapassada. Aqueles minutos iniciais foram, mesmo, minutos à Benfica e com clara nota artística e em que Everton entusiasmou. Agora importa que no final da tarde da próxima quinta-feira sejam largos e constantes os momentos à Benfica e que, afinal e no final, se reduza a diferença pontual face ao  Futebol Clube do Porto e já sabendo todos o resultado do Sporting em Vila do Conde. Sabendo  também todos que se o «desespero é o maior dos nossos erros», também «o entusiasmo é a maior força da alma»! E o entusiasmo daqueles minutos de e frente ao Tondela na passada sexta-feira é um sinal de esperança já que esta «é um empréstimo que se pede à felicidade»!

Everton brilhou em Tondela: assistiu Pizzi para o primeiro golo e marcou o segundo após bonito movimento individual

O Sporting está, com todo o mérito, na final da Liga dos Campeões de futsal,  e o nosso andebol continua em grande, agora com a conquista da notável e imparável - certo Zé Manel? - presença na fase final do Europeu. No hóquei em patins e em basquetebol as emoções são grandes na luta, sempre renhida, pelo acesso à final. Os play-offs aí estão e com muitos jogos grandes e, ainda, grandes jogos. No Algarve teremos hoje a décima sétima edição do Grande Prémio de Portugal em Fórmula 1 e durante a próxima semana - de quarta a domingo! - algumas das suas estradas serão percorridas por um pelotão de luxo na cada vez mais reconhecida Volta ao Algarve. Lá estarão, entre outros, Rui Costa e outros nomes de grandes equipas da Europa e dos Emirados Árabes Unidos e, até, uma americana (Rally Cyclling). E, entretanto, acredito que no final, e tal como ocorre no cauteloso regresso de público a eventos culturais, poderemos ter na final da Taça de Portugal alguns adeptos no Estádio… em Coimbra. É um desejo que combina com a convicção que o regresso de uma relativa e responsável normalidade também ocorrerá no mundo do desporto e do futebol em particular. E, aqui, uma saudação bem especial à retoma da atividade desportiva a todos os níveis, em particular na formação e nos diferentes campeonatos distritais. O Dr. João - sempre a notar e anotar! - e o Alberto, ali na sempre atrativa Cave Real, nunca deixaram de acreditar e, assim, seus queridos Filho e Neto já podem oficialmente sorrir. Assim aí  estão, em pleno, as competições e  as atividades, os torneios  e os golos, a paixão e a emoção da festa. Mesmo que do lado de fora do campo, do complexo, do pavilhão ou, até, do estádio. É a festa. O regresso, bem condicionado, de uma festa que o vírus perturbou e bem condicionou!

Lá fora toca, sempre à hora certa, um sino. Como pode tocar uma sirene. Estremeço sempre. Não são Trindades, como aprendi na minha mimada infância, a anunciar o termo do dia. É, sempre, de verdade, a Missa de alva a renovar o dia sobre a noite. Estremeço, sim, hoje, com os dramas da pandemia que bem nos perturba e muito nos angustia. Estremeço, sim, com as nuvens negras que apagam, mesmo em noites de Lua bem cheia, a essência do nosso quotidiano, a nossa relação com a liberdade e com o outro!  Estremeço, recordando, com  memória sentida, a Saudosa Senhora Minha Mãe neste dia em que tantas e tantos milhões se abraçam, com amor infinito, a todas aqueles que os (as) geraram, as (os) protegeram, os ( as) educaram e as (os) amaram. Sejam a Isabel ou a Salete, a Inês ou a Rita, e nelas, em  todas as Marias do Mundo, está uma travessia de e da vida, o destino partilhado e sentido, o amor dedicado e feliz, na linha do que lemos em Camilo Castelo Branco: «O amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos!» Feliz Dia da Mãe!