Exemplos

OPINIÃO28.09.201804:00

O Benfica já começou a despedir-se do jogador e capitão Luisão e Luisão já começou a despedir-se dos relvados e da camisola 4 do Benfica. Sim, também penso que a despedida ou vem com atraso de quatro meses - poderia ter acontecido no final do último campeonato - ou chega com antecedência de mais de meio ano - porque também talvez não ficasse mal no final desta época. Ou seja, uma despedida assim deixa algum amargo na boca. Foi de repente, foi de surpresa, não escolheu data certa, nem hora, nem momento especial. Não sabe ao que devia saber a despedida de uma figura do Benfica como é, na verdade, Luisão.


Em todo o caso, serei dos poucos (pelos vistos…) que considera ter sido muito bonita a cerimónia que o Benfica preparou para marcar o momento em que Luisão anunciou e justificou ao mundo a decisão de terminar a carreira. Teria sido impossível uma cerimónia daquelas com os adeptos do Benfica a poderem entrar livremente no estádio.


No fundo, o que o Benfica e Luisão fizeram esta semana foi uma «conferência de imprensa» muito especial, num ambiente intimista, com a família profissional e dirigente que vem acompanhando a carreira de Luisão. Uma cerimónia bonita, simples, igualmente emotiva e exemplar do ponto de vista da comunicação para o exterior através dos média.


Quanto à questão de Luisão ter tido ou não ter tido os adeptos perto dele, creio não me enganar muito se disser que deverão estar o Benfica e Luisão a pensar no dia do Benfica-FC Porto, o grande clássico da Luz do início de outubro. Nessa tarde (o jogo tem início previsto para as 17h30) tudo indica que a Luz esgotará a lotação (no pressuposto de que os encarnados cumprirão o castigo de um jogo à porta fechada, muito provavelmente com o Moreirense, a 02 de novembro) e os 60 mil benfiquistas terão então oportunidade de carregar de emoção o ambiente do jogo quando Luisão, como prevejo, subir pela última vez ao relvado para receber a justa homenagem dos adeptos que o acompanharam, motivaram, aplaudiram, admiraram e criticaram nos últimos 15 anos. Contará certamente o Benfica ganhar alguma vantagem nessa tarde mesmo antes do jogo começar. O chamado (e muito importante) fator emocional.

NÃO sei, evidentemente, o que passou pela cabeça de Luisão para tomar esta decisão agora. Mas sou capaz de imaginar. Custa compreender (a mim, a muitos adeptos e talvez até ao próprio Luisão) que tenha renovado o contrato por mais uma temporada e, em jogos oficiais desta época, ainda não contar com qualquer minuto jogado ou, sequer, presença no banco de suplentes.


Pergunto: com a representatividade que tem e a liderança que todos lhe reconhecem, não seria Luisão ainda muito útil esta temporada para o tão propalado objetivo da equipa de retomar o caminho do título nacional? Porventura num qualquer jogo, no banco de suplentes ou simplesmente viajando com a equipa fosse ela para onde fosse?


Nunca tive Luisão na conta de um daqueles centrais de exceção, elegantes e tecnicamente fortes como tanto gosta de ver quem gosta realmente de futebol. Não, Luisão nunca foi na Luz esse jogador de encher o olho, como outrora um Mozer ou um Ricardo Gomes, mas o jogo não pede apenas qualidade técnica, como se sabe.


O que Luisão conseguiu foi, pois, construir a carreira pelo outro caminho possível no futebol: compensou a falta de algum talento com trabalho e trabalhou seguramente mais do que qualquer outro. Só pode, por isso, ter sido um profissional de mão-cheia e ter-se aplicado e cumprido todas as exigências da profissão com uma seriedade absolutamente irrepreensível.
A grandeza também é isso.


Lembro-me, aliás (e não estou a cometer qualquer inconfidência), de Jorge Jesus me ter dito um dia que Luisão foi um dos melhores profissionais que conheceu em toda a longa vida no futebol. «Grande, grande, grande!», dizia-me Jesus. Ao ponto de Jesus me ter contado uma particularidade que talvez defina melhor do que qualquer outra coisa o caráter e a dimensão profissionais de Luisão: «Em seis anos como treinador do Benfica nunca vi Luisão ser multado internamente.» Inimaginável! Ou seja, nem um segundo atrasado para nada, nem uma única regra por cumprir. Exemplar.

FERNANDO SANTOS confessa não conseguir compreender, e eu, na realidade, também não consigo: como é possível que o golo de Ronaldo à Juventus não tenha ganho o prémio Puskas de melhor golo do ano? Era o mínimo dos mínimos.


Já nem quero ir mais longe e questionar, de novo, a entrega do prémio The Best ao médio croata Luka Modric, um extraordinário médio, sem sombra de dúvida, mas um jogador que dificilmente criará no mundo do futebol impacto suficiente para ser considerado - como foi esta semana - melhor jogador do mundo em 2018.


Não me lembro, aliás, de ver algum jogador coroado por ter sido finalista de um Campeonato do Mundo, apesar de todo o mérito no Mundial deste ano da seleção de Modric, representativa de um pequeno país como é a Croácia, inesperada finalista na Rússia.
Recordo que para Cristiano Ronaldo ser o melhor em 2016, por exemplo, teve de ser campeão europeu de clubes pelo Real Madrid, melhor jogador e melhor marcador da que é talvez a prova de maior impacto no planeta, e ainda campeão europeu por Portugal, marcando sempre golos, sendo quase sempre decisivo, criando  o tal impacto que Modric, por muito talento que tenha, jamais criará.


Antes da FIFA, já a UEFA tinha entregue a Modric o prémio de jogador do ano, quando foram os 15 golos (!!!) de Cristiano Ronaldo que deram ao Real Madrid a terceira Champions consecutiva.


Como se pode querer que seja fácil entender decisões (ou votações) destas quando Cristiano Ronaldo consegue o que consegue ao nível do clube onde joga e também na seleção de um país igualmente pequeno como é Portugal, sendo sempre um jogador absolutamente decisivo, talvez mesmo o mais decisivo da história do futebol se considerarmos o peso que o impressionante número de golos marcados tem tido nos títulos das equipas (ou da seleção) onde joga.


Volto, porém, um pouco atrás. E se não nos quisermos deter mais na maior ou menor justiça da atribuição do prémio a Modric - um médio indiscutivelmente extraordinário mas que até não me parece ter tido mais influência do que Perisic no percurso da Croácia num Mundial relativamente fraco como foi o último -, o que dizer daquele famoso golo de pontapé de bicicleta de Ronaldo à Juventus, na Liga dos Campeões, ver-se derrotado no Prémio Puskas por um golo de Mohamed Salah ao Everton, um grande golo, sim, mas muito igual a tantos outros golos marcados nas principais ligas europeias.


Sem qualquer ponta de chauvinismo, acreditem, realmente difícil e muito invulgar - para não dizer outra coisa - , é vermos derrotado um golo como o de Cristiano Ronaldo, ainda por cima marcado à Juventus no campo da própria Juventus, e logo numa fase a eliminar (quartos de final) de uma competição assoberbante como é a Liga dos Campeões.


Não faz, na verdade, qualquer sentido que o melhor golo da carreira do melhor jogador do mundo não ganhe o prémio de «golo do ano». Parece impossível!


Outra coisa muito diferente é a ausência de Cristiano (como Messi o ano passado) na cerimónia certamente (também como Messi o ano passado) por já saber que não ganharia. Não fica bem, nem a um nem a outro. Nem é, na verdade, o que se espera dos melhores!

COM todo o respeito pela fantástica carreira do jogador, pelo que se viu pela atitude em Braga, quando foi substituído, admito que com Nani pode Sousa Cintra na sua presidência interina ter arranjado um problema ao Sporting em vez de lhe criar uma solução.


A responsabilidade de Nani no Sporting, onde é capitão, a extraordinária carreira desportiva que desenhou e a qualidade como jogador exigem outra humildade.


A humildade que apenas está ao alcance dos realmente «grandes»!

PS: O que me pareceu que se viu ontem em Chaves foi um grande jogo de futebol, com um resultado que acaba por lhe ficar bem. Assim, até dá gosto!