Estados de pré-época
DUAS ideias dominam no Sporting. A aposta centralizada em Gyokeres no sentido de acrescentar contundência ao ataque, com demais lacunas empurradas com a barriga para a frente, e um plano B criado com um twist, personificado em Inácio. Tanto a forma do sueco, que pode potenciar as valências do falso 9 Paulinho ao partir da esquerda, como as dificuldades mostradas pelo central no posicionamento híbrido que desdobra o 4x4x2 num 3x2x3x2 - e, ao mesmo tempo, projeta Pedro Gonçalves para as entre linhas e para mais perto da definição, por assistência ou finalização - sublinham que o caminho é mais longo do que talvez se esperasse em Alvalade.
A goleada do FC Porto mostrou um Sérgio Conceição sem misericórdia, mesmo em pré-época. A penalização imediata das más exibições de Grujic e Franco confirmam que no Dragão a competitividade é semeada desde cedo. O Cardiff cometeu inúmeros erros defensivos, provocados e não provocados, e vários ofensivos, sobretudo más decisões. A expressão do resultado ajuda a fazer crescer o moral, porém não deve camuflar necessidades urgentes no duplo-pivot, e a dependência extrema da magia de Taremi e Otávio.
O Benfica venceu e sobressaem opções para três versões de si próprio. Uma de vertigem, com todos os artistas, outra de pausa com médios como falsos-extremos, e ainda uma intermédia, a apontar para um maior equilíbrio. Contudo, se o resultado diante do Celta valida aquele plano B raro, em 4x4x2, com dois avançados-centro e sem outra ligação que não a interioridade de Di María ou Neres, sofreu e beneficiou de erros alheios para pôr as mãos no troféu.
P.S. Não acompanho o futebol feminino, confesso. Conheço uma ou outra jogadora, não sou especialista. Mas apreciei a forma como as portuguesas encararam a estreia e, sobretudo, as lágrimas que sublinham a pureza dos seus sentimentos, que faz tanta falta ao jogo no masculino. Já o mereciam antes, mas agora entraram de vez nos nossos corações.