Eriksson, Hagan e Quinito: sabedoria
Há ideias no futebol, como o ‘jogo a jogo’ e ‘meter a carne toda no assador’ que são válidas em todos os tempos e todos os modos
MAL acabou o Benfica, 2-Paços de Ferreira, 0, Nélson Veríssimo, treinador dos encarnados, ao ser questionado sobre a aproximação pontual das águias aos leões, puxou do sound bite mais usado da história do futebol: «A partir de agora isto vai ser jogo a jogo.» E fez bem, porque, embora não seja uma ideia original, é uma ideia boa, usada desde o início dos tempos por treinadores clarividentes, que sabem que, na realidade, só há um jogo importante, o seguinte. Eriksson tinha uma frase muito curiosa para estas ocasiões, quando dizia que «o próximo jogo é sempre o mais importante, porque não temos outro para jogar, só esse».
Na verdade, esta abordagem filosófica à época encerra pelo menos duas virtudes:
a) tira pressão sobre a conquista de objetivos maiores;
b) ajuda a que os jogadores se foquem melhor no que interessa, de imediato.
No futebol, a experiência aconselha a que não se façam contas ao jeito de Mofina Mendes, porque a bilha do leite pode cair a qualquer momento e partir-se...
Mas há outras frases famosas no futebol que Nélson Veríssimo também pode adotar e fazê-las chegar aos seus jogadores. «É preciso meter a carne toda no assador», dizia, no seu jeito entretido, Joaquim Lucas Duro de Jesus, Quinito, grande treinador e ser humano fantástico, atraiçoado pela vida, que não foi meiga com ele. Só assim, sem que cada jogador dê tréguas à entrega total, uma equipa poderá ser grande. E a realidade diz-nos que este Benfica ainda tem demasiados apagões que podem comprometer os objetivos. Ontem, a defrontar dez adversários, os encarnados tiveram um período desligados do jogo, que podia ter-lhes custado caro. Outro treinador que chamava amiúde a atenção para a necessidade de se «meter a carne toda no assador», era Jimmy Hagan, por sinal tricampeão ma Luz. Num português inglesado, Hagan explicava assim: «Se senhor trabalha bem, todos os dias, duas horas, é fácil jogar hora e meia; e é stupid se não der tudo durante o jogo, very stupid.»
O caminho faz-se caminhando, e Veríssimo ainda agora começou. Tem pela frente 17 estações de jogo a jogo, e muito em que pensar, fazendo por certo votos para que a agitação fora das quatro linhas amaine, e o clube encare o que falta da época em ordem unida.
ÁS – TIAGO SOUSA
OSanta Clara cometeu uma proeza inédita ao derrotar o campeão Sporting, num jogo vibrante em que os insulares nunca se assustaram com o estatuto do adversário e trataram de fazer história e passar a respirar um pouco melhor na tabela classificativa. Tiago Sousa, com seis pontos em três jogos, já tem serviço para mostrar...
ÁS – VASCO SEABRA
A troca de Julio Velázquez por Vasco Seabra funcionou como uma verdadeira chicotada psicológica nos jogadores do Marítimo, que desde que mudaram de treinador fizeram 13 pontos em 18 possíveis. Ontem, os leões da Almirante Reis foram vencer a Portimão e descansam agora em zona tranquila da classificação.
ÁS – ANGEL CORREA
O golo do avançado argentino do Atlético de Madrid, apontado no Estádio La Cerámica ao guarda-redes do Villarreal, Gerónimo Rulli, por sinal um compatriota, vai entrar de imediato na lista de candidatos ao Prémio Puskás de 2022. Um chapéu daqueles, a 50 metros da baliza, não se vê todos os dias...