Eleições e futuro
Os adversários de Pinto da Costa são também os que ele deixará de preferir como colaboradores por diversos fundamentos
As eleições, em qualquer situação, são sempre momentos de reflexão profunda, que permitem uma escolha coerente e que, cada um, entenda como decisão para melhorar o futuro. É assim em todas as circunstâncias, onde cada eleitor procura a melhor escolha para o presente e o futuro. Por muito que se valorizem os candidatos, pelo estudo comparativo dos percursos, tem de existir uma análise rigorosa do trabalho desenvolvido, ao longo de décadas.
Os títulos são sempre um argumento que revela a dimensão e qualidade do que se tem conseguido, no caso dos azuis e brancos, um percurso vitorioso durante mais de 41 anos, sempre crescente no número e na excelência dos títulos conquistados.
Ao longo dos anos, o Presidente procurou servir o melhor possível o clube. No caso do FC Porto o processo é invulgar e único a nível global, pela excelência dos desempenhos, pelas vitórias em diversas modalidades, com os triunfos internacionais mais elevados no futebol, mas também em diversas modalidades.
Depois de ter iniciado o percurso de Presidente, foi preciso vencer adversários conflituosos e demonstrar a excelência da Direção e da SAD, vencendo os troféus internacionais mais valiosos, bem como ganhar internamente, superando muitos escolhos e desafios que ninguém acreditava possíveis.
Um Presidente que supera 41 anos nesse lugar, a vencer em inúmeras modalidades, merece admiração, tornando-se num elemento que, em função da experiência, permite manter seguro o testemunho que tanto esforço implica. Durante décadas, foram inúmeras as situações para vencer com eficácia os problemas mais complexos, atendendo às necessidades e carências de poder financeiro, onde muitos outros nos superam. Ao escolher colaboradores e treinadores é sempre imprescindível acertar a diversos níveis, incluindo a cumplicidade, a competência, a lealdade e a cooperação.
O FC Porto, após uma viagem difícil, longa e virtuosa com Pinto da Costa e José Maria Pedroto, ultrapassou montanhas e conseguiu impor-se a nível nacional e internacional. Passada a fase inicial que implicou muitas polémicas, grandes dificuldades, mas muita coerência e amizade de quem «entrou para esse barco ainda frágil, que se tornou muito forte e exemplar». Neste momento em que surgem novas candidaturas, o que é saudável e exemplo de vitalidade, é colocar o clube acima de todos os interesses.
O Museu do FCP, além do reconhecimento internacional pela ousadia criativa, é um espaço onde se sente a dimensão do clube, a nível mundial. Este ano de 2024 vai ser um tempo de eleições quer do país, quer do clube. Naturalmente, na vida dos clubes, há sempre divergências naturais, mantendo aceso o clubismo que nos deve unir, mesmo com opiniões divergentes.
A recente apresentação de um candidato a Presidente foi uma festa bem organizada, com profissionalismo e brilho, mas com alguns pormenores de quem não consegue aceitar o brilho e a dedicação de Pinto da Costa (vai-se lá saber a razão!).
Com toda a legitimidade, há quem prefira mudar de presidência, numa união de interesses, como se tratasse de renovação, quando afinal poderá ser essencialmente um ataque ao poder, sem diálogo, unicamente para dar a imagem de confrontação entre a inovação de candidato sem inexperiência de presidência do clube e a imparável evolução de um Presidente com renovação dos valores, estratégias e projetos.
Ouvir comentários, essencialmente de jogadores que são marcas do clube, a afirmar que está na hora de uma mudança radical, que a atual presidência deve mudar, sem uma palavra de reconhecimento, revela a conjugação de um tempo específico com uma posição para conquistar a cadeira de sonho, sempre desejada e aproveitando o contexto que, inclusivamente, pode trazer dissabores neste campeonato, ao dividir adeptos.
Por outro lado, nestes meses até às eleições, poder-se-ão criar inúmeras dificuldades, insegurança e uma polémica que pode influenciar os resultados da equipa. A imagem dessa apresentação de candidatura do antigo treinador, com gala, organização e num local prestigiado da Cidade Invicta, foi momento criado por profissionais da área que pode ter sido emocionante, competente, mas que a prática vai revelar os resultados e consequências.
Havia outra alternativa? Há sempre alternativas para encontrar os melhores caminhos. Estando o FC Porto a tentar superar adversários na luta por mais um título e não esquecendo os elogios dos jornalistas da capital a André (que nunca foi Presidente), ficam sempre por enaltecer também o atual treinador e a equipa que procura atingir o título, assim como os grandes desafios nos relvados, que certamente sentirão o que as eleições podem criar, neste momento, numa fase complexa de motivação. Há sempre apoiantes não só pela amizade ao novo candidato, mas também por interesses oportunistas que só agora sobem à tona.
As eleições nunca se devem misturar com emoção, mas com análise racional. Não são os aplausos e elogios que definem o futuro do clube. Há sempre alternativas, desde que os eleitores saibam distinguir amizades de competência.
E, de facto, presidir ao FC Porto é tarefa de dimensão elevada e responsável. Porém, a vitória eleitoral não está garantida, mas não serão os presentes nessa apresentação pública (por mais mediáticos que tenham sido) a ter a maior influência nos resultados. Esse aplauso de amigos eleva os níveis emocionais, contudo a votação tem de ser uma opção de consciência, com a esperança sentida, pela qualidade da obra feita, sobre o que é melhor para o clube e sobre isso, só o Universo Porto consegue dar a resposta cabal.
Quando uma figura pública considera que esta apresentação é o rosto da mudança e a prova de que um candidato está preparado, deixando-se levar pelo sonho e pelo ambiente profissional criado nesse momento, mas sem uma prova suficiente de que está preparado para a função, pode ser exagero!
Os adversários de Pinto da Costa são também os que ele deixará de preferir como colaboradores por diversos fundamentos. Não se trata de abrir os olhos, mas antes de pensar racionalmente e decidir quem tem competências para tão grande dimensão.
A gestão de algo dessa natureza não se alicerça na simpatia, nas frases motivacionais ou nos amigos influentes (certamente adversários de Pinto da Costa). Explicar as ideias não é suficiente, é indispensável possuir conhecimentos e expertise a diversos níveis e ainda a capacidade de relacionamento com os dirigentes de grandes clubes mundiais.
Por outro lado, as mudanças devem ser feitas com sustentação e nunca por afirmações ocas, porque podem mudar radicalmente o contrário do desejado. Não é por ser treinador que alguém se transforma num enorme presidente.
De facto, por razões estruturais, em clubes como o FC Porto, só com muito esforço e estratégia conseguem criar valor para um crescimento indispensável, o que implica a valorização constante da equipa.
O candidato divulgou as linhas mestras da sua ação na vertente desportiva, financeira, social, eclética e associativa. Todos os candidatos deverão apresentar as estratégias para engrandecer o clube, com parcerias a nível internacional.
Para já, deveremos refletir o confronto entre o Presidente mais titulado do mundo de futebol e o candidato que treinou o FC Porto apenas num ano pleno de conquistas nacionais e internacionais. Nunca esquecer os símbolos do clube: a Bandeira, o Hino e o Presidente.
Que grande responsabilidade! O Presidente do FC Porto, no final deste mês, declarou que vai apresentar o seu projeto para um novo mandato, que tem como objetivo a colocação dos azuis e brancos nos lugares cimeiros do futebol europeu, a edificação de uma Academia de grande qualidade e a garantia do futuro.
Assume a perplexidade de apresentação de um candidato, numa divisão sem uma análise conjunta, deixando no ar a questão: não seria mais lógico, unindo o clube, fazer um percurso progressivo para chegar à cadeira de sonho por mérito de obra feita?
Recordemos que após a vitória numa época de ouro, o candidato preferiu um projeto aliciante e foi atrás de outros sonhos. Pinto da Costa reafirma que nunca fez nem fará campanha eleitoral, que tem um projeto específico, obra feita a nível nacional e internacional e, se quiserem mudar, são livres de o decidir.