Duarte Gomes analisa arbitragem do Vizela-Benfica
Encarnados vencem no Minho por 2-1, em jogo da 5.ª jornada da Liga
Luís Godinho foi nomeado pelo Conselho de Arbitragem da FPF para dirigir o FC Vizela-Benfica de ontem. O árbitro internacional eborense recebeu a colaboração, à distância, de Rui Costa (desempenhou a função de vídeo árbitro).
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
3' Bola rematada por Samu ressaltou na mão direita de Aursnes, que estava junto ao seu corpo e não fez nenhum movimento irregular. Foi bem analisado o lance que ocorreu já dentro área do Benfica;
9' O Benfica abriu o marcador, na sequência de golo legal de Peter Musa. As dúvidas iniciais quanto à posição de Rafa Silva (que fez a assistência para o avançado croata) foram dissipadas pela vídeo tecnologia: o avançado estava em jogo. Boa decisão do árbitro assistente;
23' Rafa pisou inadvertidamente o pé de um adversário, na sequência de remate à baliza de Buntic. O lance não teve "fotografia" bonita, mas foi fortuito e sem infração. Esteve bem o árbitro da partida ao nada assinalar;
28' Bah tentou o drible para o interior da área adversária, perante a marcação "em cima" de Busnic. A bola acabou por ficar prensada entre ambos, tocando na mão direita do sérvio, em posição e movimento normais para a sua ação defensiva. Lance legal e bem avaliado na área do Vizela;
36' Matias Lacava entrou de forma demasiado impetuosa sobre Bah, atingindo o lateral encarnado com a sola da bota. Apesar de ter tocado antes na bola, o jogador venezuelano devia ter sido advertido por infração negligente. Uma das poucas falhas de Luís Godinho no jogo;
38' Rafa viu a sua progressão interrompida pela perna/corpo de Bruno Wilson e foi ainda tocado no pé e costas por Bustamante. Na gíria do futebol, ficou "prensado" entre ambos os adversários. Foi bem assinalado o pontapé-livre direto que resultou no segundo golo do Benfica, da autoria de Di María;
44' Peter Musa fez falta na sua zona defensiva sobre Samu. O árbitro equivocou-se ao assinalá-la ao contrário;
55' Samu pisou inadvertidamente o tornozelo de Otamendi. Tal como o que aconteceu com Rafa aos 23', também aqui a consequência não foi agradável (o central ficou algo lesionado), mas não houve imprudência do jogador vizelense. O árbitro só errou ao considerar que o defesa encarnado tinha cometido infração. Não cometeu;
67' Pontapé de penálti bem assinalado. Lance típico de imprudência do "defesa" (no caso, de Aursnes), que ao aproximar-se do avançado que está à sua frente, acaba por tocar-lhe na passada (joelho na perna), causando o seu desequilibrio e consequente queda. Pareceu tropeção, mas não foi. Em movimento, este tipo de toques, ainda que ligeiros, são quase sempre suficientes para levar o adversário ao solo. Além disso, o médio norueguês ainda empurrou Essende, tornando mais evidente a sua infração. O cartão vermelho não se justificava, porque a bola estava no ar, distante e dificilmente poderia ser controlada pelo jogador do Vizela. Aceita-se o amarelo por corte de ataque prometedor;
81' Defesa com o pé direito de Buntic (a remate de João Mário) passou despercebida a Luís Godinho, que erradamente assinalou pontapé de baliza, quando o jogo devia ter recomeçado com pontapé de canto favorável ao Benfica.
87' Queda de Di Maria sem infração do defensor que estava na sua marcação. Lance bem analisado na área vizelense.
89' Momento de análise técnica muito interessante: Buntic saíu da sua baliza para tentar reduzir o raio de ação de Rafa. Ao fazê-lo, acabou por desviar a bola com o seu braço direito, que fez todo o movimento na direção daquela. Apesar de haver antes um desvio/ressalto no tornozelo do guarda-redes croata, a sua abordagem ao lance foi notoriamente imprudente e seria passível de expulsão, se o avançado encarnado não estivesse fora de jogo. Neste caso, o VAR fez bem em chamar Luís Godinho para rever o lance. Porquê? Porque se não o tivesse feito, as linhas tecnológicas de fora de jogo não seriam mostradas e ninguém teria percebido se a equipa de arbitragem não tinha visto (ou tinha desvalorizado) lance de protocolo, passível de cartão vermelho direto. Ao fazê-lo, deixou claro para todos que a infração foi identificada pela equipa de arbitragem e só não foi punida porque houve antes infração à Lei 11.
90+5' Cartão amarelo bem mostrado a Matheus Pereira, por protestar de forma excessiva com o árbitro assistente.
90+11' Bruno Wilson foi advertido com justiça depois de agarrar ostensivamente a camisola de Bruno Cabral, travando a sua progressão.
Nota - 7 - Bem nos lances mais importantes da partida