«Deus morreu, Maradona também e eu próprio não me sinto lá muito bem»

OPINIÃO27.11.202003:00

De como o Falcão voou em casa

O título desta secção deveria ser Barba e Cabelo, não tivesse este como seu legítimo titular o grande Luís Afonso, que há já tantos anos ilumina a última página deste jornal com os seus brilhantes cartoons. Mas a verdade é que não há melhor síntese para indiciar o que representou a última prova desta irrepetível temporada de MotoGP. Não tanto pela (segunda) vitória do nosso Miguel Oliveira, mas outrossim pela forma como foi realizada. A começar pela inédita pole position, seguida da liderança ininterrupta da corrida, desde o arranque até à bandeira de xadrez, passando pela volta mais rápida de sempre naquela pista. Como se diria no cinema, «melhor é impossível»! Ora, neste caso era mesmo impossível. E como sabe bem quando a realidade ultrapassa o mais audaz dos argumentos e o mais feliz dos sonhos… Obrigado Miguel.

A jogada de Deus

Morreu Diego Armando Maradona, ou seja, El Pibe d’Oro, ou simplesmente El Pibe. A notícia da sua morte não era inesperada. Sei exactamente a idade que tinha porque também nasci no mesmo mês do mesmo ano. Creio que nunca ouvira falar dele até saber que havia sido chamado pela primeira vez à seleção nacional alvi-celeste das pampas. Tinha então 16 anos. Duvido que ele alguma vez tenha sabido de uma célebre carta de Einstein endereçada ao grande físico Max Born na qual confessou:  «Estou convencido de que Ele não joga dados.» E estava certo, como hoje todos bem sabem. Pelo menos muitos milhões de pessoas testemunham que O viram jogar - mas futebol, não dados. Mais garantem que não estavam sob efeito hipnótico, de alguma ilusão de óptica, do álcool ou de qualquer substância psicotrópica. Como alguém seguramente dirá: «Deus morreu, Maradona também, e eu próprio não me sinto lá muito bem.»

Mais um feito de um Dragão bipolar

Entretanto, o FC Porto está já, praticamente, nos oitavos de final da Champions . Antes da época começar quem apostaria nisso? E quem acreditaria ser o Dragão suficientemente potente para liquidar o Marselha com um agregado de cinco golos marcados e nenhum sofrido? Agora só falta conseguir a coerência e a consistência requeridas para poder ser internamente tão forte como tem sido na competição rainha do desporto rei.