Desporto e política, política e desporto

OPINIÃO10.10.202206:30

Trazer a Ucrânia para a candidatura ibérica é um ato nobre que comporta grandes riscos, pela imponderabilidade da situação no terreno

Acausa ucraniana fica fortalecida pela inclusão daquele país na candidatura de Portugal e Espanha à organização do Campeonato do Mundo de 2030? A resposta, inequivocamente, é sim. A cadeia de solidariedade vê-se reforçada e é estabelecido um novo horizonte de esperança para um povo que está sob brutal agressão. Se este projeto chegar a bom porto, significa que, até 2030, houve tempo e meios para dotar a Ucrânia de infraestruras conformes com a organização parcial de um evento altamente exigente. Por isso, colocar a fasquia nessa altura, e trabalhar para ultrapassá-la, é, sem dúvida, um bem que está a fazer-se ao povo ucraniano.

Dito isto, há que dizer também que Portugal e Espanha passaram a correr riscos assinaláveis, porque a decisão da FIFA será tomada em 2024 e nada nos garante que, até lá, o conflito esteja resolvido. Todos o desejamos, mas a verdade é que a escalada bélica continua, a Rússia passa por dificuldades que não teria antecipado e os ucranianos mostram-se absolutamente irredutíveis quanto a uma solução negociada que lhes retire parte da soberania territorial. Ou seja, há demasiados imponderáveis para que possa, até, fazer-se a leitura perversa de que com a entrada da Ucrânia a candidatura ibérica fica mais forte. De forma linear, apetece dizer que, se a guerra durar para lá de 2024, o primeiro jogo do Mundial do Centenário será disputado em Montevideu, e os restantes 79 espalhar-se-ão pela América do Sul.
 
Do meu ponto de vista, não estamos perante uma ação de marketing, como já foi apresentada esta corrida a três, porque os riscos superam em muito qualquer benefício que venha a ser colhido.

O que está por saber, e não foi dito em Nyon, é até que ponto terá havido pressões políticas, ao mais alto nível, para que esta solução fosse implementada. Obviamente, no contexto em que vivemos há uma componente política fortíssima, que só por estultícia poderíamos ignorar. Neste momento, na UEFA, além da expulsão da Rússia, Espanha/Gibraltar, Ucrânia/Bielorrússia, Arménia/Azerbaijão, Kosovo/Bósnia e Kosovo/Sérvia, não podem ficar nos mesmos grupos para o Euro-2024. 

Atenção, pois, à vulgarização da política no desporto, sob pena de colocar-se em risco uma linguagem universal vocacionada para a aproximação os povos... 


ÁS – VALVERDE/NIBALI 

Despediram-se, no último sábado, após a Volta à Lombardia, dois gigantes do pelotão internacional, o espanhol Alejandro Valverde (42) e o italiano Vicenzo Nibali (37). O ciclismo agradece-lhes tudo o que fizeram pela modalidade, numa era em que é a juventude (Pogaçar, Evenepoel, Almeida) a mandar nas corridas.  


ÁS – JOÃO CANCELO

No Benfica, reconheceram-lhe valor mas, porque tinha um modo de ser rebelde, não acreditaram que tivesse grande futuro. Enganaram-se. Valência, Inter e Juventus prepararam-no para o Manchester City ,onde Pep Guardiola fez dele um dos melhores laterais do Mundo. No sábado, grande golo ao Southampton...


DUQUE – JHONATAN

A tempestade perfeita abateu-se sobre o guarda-redes do Rio Ave: não só falhou o domínio da bola com o pé, como ainda lhe deu o caminho do fundo das redes que estavam à sua guarda, com a agravante de tudo isto ter acontecido num Estádio da Luz quase cheio e perante grande audiência televisiva. Há dias assim...