A BOLA DE BERLIM Crónica rebocada
HAMBURGO — Este texto vem com um dia de atraso, mas acho que merecerá a amnistia dos estimados leitores. Qualquer jornalista que tenha feito uma viagem de trabalho mais prolongada, como Europeus ou Mundiais, confirmará que há sempre aquele dia em que batemos no fundo. Em que rogamos pragas e desejamos fazer as malas para voltar para casa, julgando que pior é impossível.
Eu e o André – o meu colega nesta missão Euro – atingimos esse patamar no sábado. Com margem de descanso reduzida, após o Países Baixos-França da véspera, deixámos Leipzig pouco depois das 8 h da manhã. Viajámos quase cinco horas de carro, entre autoestradas condicionadas por obras e estradas apertadas de aldeias, à vontade do GPS.
A dada altura teremos feito um desvio que nos fez passar pelo Alentejo a caminho de Hamburgo. Chegámos em cima da hora do Geórgia-Chéquia e improvisámos estacionamento nas imediações do estádio. Comemos um cachorro na bancada, apressadamente, antes de ocuparmos os nossos lugares. Despachámos o trabalho, sem possibilidade de acompanhar a vitória de Portugal, mas ao deixar o estádio percebemos que o nosso carro tinha desaparecido — com as malas de roupa lá dentro, já que nem tinha dado tempo de ir fazer check in ao hotel antes do jogo.
Antes rebocado que roubado, mas lá tivemos de ir até à esquadra da polícia e depois ir recuperar o carro onde tinha sido deixado. Pelo meio liguei ao meu colega Rogério Azevedo, a dizer que era melhor adiar este texto. Aí está ele, já após uma visita — em reportagem — ao bairro português de Hamburgo, que recuperou a boa disposição.