Corrida à FPF é como um jogo de xadrez
As eleições na FPF não serão decididas na arena mediática. Sucede a Fernando Gomes quem obtiver pelo menos 43 votos na AG eletiva...
O sucesso da candidatura de Portugal à co-organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2030 veio aguçar ainda mais o interesse pela cadeira que Fernando Gomes ocupa desde 2011 na Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Com eleições marcadas na Cidade do Futebol entre 12 de agosto de 2024 e 11 de fevereiro de 2025 (segundo os estatutos realizam-se até seis meses depois dos Jogos Olímpicos de Verão), e sabendo-se que o atual presidente e membro dos diretórios da UEFA e da FIFA, não se apresentará a votos, por atingir o limite de três mandatos, poderá falar-se numa situação em que estará tudo em aberto. Porém, conhecendo-se os bastidores do futebol português, nunca será bem assim, porque cada confraria estará, desde já, a posicionar-se para ficar bem no filme que entrará em cena com a nova gerência da FPF.
Há que referir, para que se perceba melhor o que está em jogo, que quem elege os órgão sociais da Federação é a Assembleia Geral, na qual estão representadas várias instituições, cada uma, na prática, com direito a um determinado número de votos, que perfazem 84. O candidato que chegar ao número mágico de 43 será o sucessor de Fernando Gomes. Quer isto dizer que esta metodologia não requer grande esforço mediático aos candidatos - não é a opinião pública que vota, nem se sabe, a não ser que os eleitores queiram, quem vota em quem, porque o sufrágio é secreto - mas sim um conhecimento profundo do xadrez do futebol nacional, e do valor de cada uma das peças, Rei, Rainha, Torre, Bispo, Cavalo e Peão
A FPF, que Gilberto Madail tentou modernizar, e de que Fernando Gomes fez um potentado, tem na sua estrutura o Conselho de Arbitragem e os Conselhos de Disciplina e Justiça, ou seja, embora a organização das competições profissionais seja responsabilidade da Liga dos Clubes - que é um dos sócios da FPF - o poder que emana da Cidade do Futebol é incontestável, daí que não admire que Pedro Proença, que tem feito um bom trabalho no saneamento financeiro e na dinâmica da Liga (além de ser obrigado a grande jogo de cintura para conseguir, como conseguiu, a unanimidade dos clubes na sua reeleição) esteja na primeira linha da sucessão de Gomes. Mas não irá a votos sozinho. Contra quem? Essa é a pergunta de um milhão de euros (pelo menos).