Uma nova era
Joga bonito é o espaço de opinião quinzenal de Raquel Sampaio, agente FIFA
Esta semana pode ter sido uma das mais importantes para o futuro do futebol feminino nacional. E europeu. Está a iniciar-se uma nova era neste setor e Portugal não pode ficar de fora deste novo ciclo. Jogadoras, clubes e seleções têm de caminhar de mãos dadas porque o que aí vem promete revolucionar e muito o quadro atual.
Vamos por partes. A UEFA confirmou esta segunda-feira várias medidas que irão impulsionar e injetar valores monetários como nunca no futebol feminino. No âmbito do Euro-2025, os prémios pagos a jogadoras internacionais, aos clubes que cedam as suas atletas e também às respetivas seleções serão maiores do que nunca, na ordem dos €41 milhões para as equipas presentes na fase final do Europeu, que irá decorrer na Suíça. Representa um aumento de 156% em relação a 2022. O próximo Europeu será, por isso, uma grande oportunidade para mostrarmos o talento português. E contra a Espanha, a Itália e a Bélgica vamos mesmo precisar de muito, muito talento. E organização. E competência.
Ainda no âmbito da UEFA, ficou a conhecer-se o formato e nome da nova prova europeia feminina, a Women's Europa Cup, disputada por eliminatórias. Em função do ranking, Portugal terá três equipas na Champions nas próximas duas épocas (uma diretamente outras duas através de fases de acesso), conquistando assim o direito a poderem obter verbas na ordem dos €800 mil/ano. E quem for eliminado numa fase preliminar pode, ainda, transitar para a tal Europa Cup. E é por isto que é preciso uma liga feminina forte, profissional, que consiga garantir cada vez mais apoios para os clubes, melhores condições de treino e de jogo.
O que nos conduz a outro dos grandes momentos da semana: o anúncio da formalização de candidatura de Pedro Proença, que hoje irá entregar a sua lista para a Direção da Federação Portuguesa de Futebol. Trata-se de uma grande notícia para o futebol português. Também para o feminino, cujo crescimento e modelo organizativo tem necessariamente de entrar na discussão dos dirigentes federativos com a máxima prioridade.
A UEFA já avisou, está a colocar meios à disposição como nunca, agora cabe-nos dar o passo rumo à profissionalização. As nossas jogadoras assim o exigem e o merecem. Pedro Proença, homem conhecedor como poucos do futebol e do terreno, homem de ação, que sabe reconhecer e procurar o talento, a organização e a competência, está preparado e é a pessoa certa para elevar o futebol português, incluindo o feminino, para uma nova era.
Saúde e boas festas.