Como se fosse uma final em Alvalade...
Em futebol, há uma equação impossível: ter piores jogadores e conseguir a soma de uma melhor equipa. Rúben Amorim sabe disso...
AMANHÃ se saberá se o Sporting se irá manter na corrida por um lugar no pódio do campeonato português, o que lhe permitiria um acesso direto ou com paragem nas estações pelo caminho da qualificação para a Champions. O próprio Rúben Amorim põe a questão na sua habitual maneira franca e direta de comunicar, admitindo que ou o Sporting se consegue ainda qualificar para a prova maior da Europa ou o clube vai ser outra vez obrigado a vender jogadores. Não há alternativa.
Porém, se a venda de jogadores fosse mesmo uma solução, não haveria mal maior. O problema é que não é. Pode ser uma solução de tesouraria mas não é uma solução desportiva. Pelo contrário, a venda dos melhores jogadores - porque será apenas desses que se trata - criará novas dificuldades, novos e mais difíceis obstáculos ao crescimento da qualidade de jogo e da evolução competitiva da equipa. E, aqui, não haverá treinador, por mais que se assemelhe a um mágico, capaz de resolver a equação impossível: com piores jogadores, como conseguirei ter, na sua soma, uma melhor equipa?
Há uma outra equação de resposta mais fácil. Ganhar um jogo com piores jogadores. Parece que se devia aplicar a mesma lógica mas um jogo é um jogo, um campeonato é um campeonato. Um jogo depende de circunstâncias do momento, pode ser decidido por um pormenor, um erro, uma inspiração. Pode ser ganho pela mentalidade e na atitude. Um campeonato, pela sua extensão, obriga à regularidade do nível competitivo. Por isso tenho sempre a noção de que, salvo algumas limitadas exceções, o campeão não é apenas o que soma mais pontos, será, de facto, o melhor.
Aqui chegados, percebe-se a superior importância do clássico de amanhã, em Alvalade. Um jogo muito especial que, não sendo matematicamente decisivo para Sporting e para FC Porto, será crucial para ambos, pelo que uma eventual perda de pontos possa significar no real e no imaginário.
Raramente encontramos um contexto tão evidente em que a pressão é a mais elevada para as duas equipas. Casos assim só mesmo em finais, onde o resultado tudo decide.
OBenfica perdeu a Taça da Liga e ficou, agora, afastado das meias finais da Taça de Portugal, num jogo mais ardente do que árduo. No final presidente e treinador lamentaram os erros de arbitragem, que consideraram decisivos no resultado. É uma forma natural e humana de olhar para o jogo, pouco depois de ter terminado e numa altura em que as emoções dominam as razões.
Não ponho em causa a eventual justeza da crítica nem acho que, neste e noutros casos em que a opinião é expressa sem recurso a difamação ou a ofensas, deva ser punida. O futebol e, particularmente, a arbitragem têm de aprender a viver com regras de democracia e sujeitar-se a escrutínio, como acontece com um treinador ou com um jogador. No entanto, penso que a principal razão de o Benfica ter acabado por ser eliminado teve origem na expulsão de Alexander Bah e essa foi mais do que justificada. O que significa que o Benfica tem obrigação de olhar para dentro e de fazer entender, no balneário, que nenhum jogador, ao mais alto nível de competição, pode cometer um erro tão grave e com efeitos tão visíveis na equipa e no resultado. Até à expulsão o Benfica era a melhor equipa em campo, marcou um golo, continuou a ter o domínio e o controlo do jogo e do adversário. Quando ficou com 10 foi como se tivesse sofrido um autogancho num combate de boxe. Atordoado e diminuído, apenas tentou sobreviver.
DENTRO DA ÁREA
Obra seleta de Manuel Sérgio
Foi esta semana apresentado no Centro de Juventude de Lisboa o primeiro volume da obra seleta (quatro volumes) de Manuel Sérgio. Será, porventura, uma seleção do essencial de uma longa obra que ultrapassa já as quatro dezenas de livros, nos quais Manuel Sérgio une, de uma forma evolutiva, a filosofia e o desporto, dando-lhe um significado predominantemente humano. O pensamento e obra de Manuel Sérgio estão, também, a ser estudados no âmbito de uma cátedra na Universidade Católica e, cada vez mais, o seu legado se afirma.
FORA DA ÁREA
A escravatura do século XXI
Há, em Portugal, uma imigração clandestina e desumana. Tudo indica que esteja a ser conduzida por sistemas internacionais de crime organizado. Máfias que dominam e controlam a escravatura do século XXI. Desta realidade, o PSD, através do seu principal responsável, parece ter tirado esta surpreendente conclusão: Não se podem acabar com as máfias, eventualmente por falta de competência e vontade política, então, acabam-se com os imigrantes. Esta versão Trump não se ajusta a Portugal, país em que milhões devem tudo à emigração.