Benfica: ter de decidir
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Benfica: ter de decidir

OPINIÃO09.03.202401:00

Três jogos seguidos sem vencer, sinais preocupantes em todos eles. O Benfica vive o pior momento da temporada.

O jogo do Dragão foi embaraçoso. Pior ainda foi o modo como Sérgio Conceição expôs, depois do campo na sala de imprensa, as fraquezas futebolísticas do Benfica.

Aqueles que não viam passaram a ver e os que já viam sabem que o que sucedeu no Porto foi apenas a consequência de algo que podia muito bem ter acontecido noutro dia qualquer.

Recordo aqui que, numa das primeiras ocasiões em que preenchi este espaço, disse que o Benfica escapara a um tiroteio com o Rio Ave. Estávamos a meio de janeiro. Também me parecia que o Benfica não estava tão mal como diziam. O que é significativamente diferente de dizer que estava bem.

Um mês e meio depois, com um mercado de inverno de investimento, e por aquilo que tinha no calendário era expectável e exigido ao Benfica que evoluísse.

A reação dentro do dérbi disfarçou fraquezas – talvez se tenha de analisar do lado do Sporting, também, pois não foi a primeira vez que a equipa de Amorim permitiu nova vida a adversários (sucedeu logo depois com o Farense, recorda-se?)-, e quando o Dragão foi implacável colocou tudo em causa.

A reação dos jogadores frente ao Rangers, o que é diferente da equipa, foi positiva. Na vontade, no que se chama atitude, quem entrou em campo colocou esforço e suor.

A questão prende-se nas dinâmicas, nos defeitos que persistem e que volta e meia, perante alguns adversários, ficam à mostra.

Da assunção de Otamendi à publicação de Di María – ainda que esta com uma análise que muitos discordarão – são notas de que os jogadores sabem que têm de reagir, pois nada – e mesmo nada – está perdido em termos de objetivos. Fosse o contrário e o problema de Roger Schmidt seria muito maior. E obrigatoriamente passaria para a presidência: não há treinador que resista à perda de fé de um balneário na liderança. E isso, interpretando sinais, parece-me que não sucede neste momento.

Jogadores descontentes há em todos os plantéis do mundo e é por isso que muitas vezes digo «um futebolista desagradado não faz a Primavera», se é que me entendem.

Os adeptos são muito rápidos a julgar e a decidir, são irracionais porque o podem ser, mas os dirigentes devem estar impedidos dessa «paixão».

Posto isto, Roger Schmidt deve estar ciente de que até na Suíça, onde quem toma decisões é conhecido por as fazer com racional e lógica, o líder do campeonato despediu o treinador.

O Benfica pode nem ser campeão, isso faz parte de competir. Mas é o modo como se luta, muito mais que o resultado, que devia ditar a continuidade do líder técnico e o cumprimento de um contrato que foi renovado ainda nem uma temporada o germânico tinha cumprido.

Essa sim, uma racionalidade que nunca fez sentido...

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