As rendas...
Pode parecer que não, mas o negócio-futebol também vai deixando rasto de ‘destruição’
SIM, já diziam nossas avós, do que aparecia algo de entusiasmar, bonita atraente, mas vendo bem, afinal, havia muito para criticar. E, por isso, o adágio popular que dizia ‘que por cima tudo são rendas, mas por baixo nem fraldas há’...
E foi este velho ditado que nos leva a aplicá-lo ao futebol profissional, e não só, que se pratica em Portugal, a principiar pelo pecado mais recente e que são as famígeras sociedades anónimas desportivas.
Este terrível negócio ainda se entende nos clubes que possuem património de monta e a segurança duma bilheteira francamente positiva, como será o caso de Benfica, Sporting, FC Porto e, talvez, este ano, o Sporting de Braga e o Vitória de Guimarães. Todos os outros tem uma bilheteira irregular e só é Natal quando recebem a visita dos chamados grandes, sobretudo os emblemas da águia, do dragão e do leão.
Depois daqueles cinco ou seis há um chorrilho de apertos, confusões e pior do que isso. Todas as semanas ficamos a saber que há instabilidade, reboliço, até em certos clubes, transformados em negócios para dinheiros provenientes doutras origens em diversos cantos do mundo, desde os Estados Unidos da América até, e sobretudo, de misteriosos países asiáticos. Ninguém conhece os milionários, mas a cabeça dos sócios e dirigentes do emblema que está sem um euro no cofre, não tem outra solução que não seja escancarar as portas e a vida privada da colectividade aos estranhos e bem falantes amigos. Aparecem logo as promessas de grandes vitórias e a seguir, lá vem três ou quatro reforços, sobretudo do Brasil, Gana, do Congo ou das Maldivas e, também o que para os investidores são antigas glórias, como recentemente a honrada União Desportiva Oliveirense, que está nas mãos de asiáticos, que trouxeram, ao bom estilo circense, um reforço com 55 anos!
Os clubes, então transformados em entrepostos de compra e venda de futebolistas, que se tiverem a sorte de bons resultados tudo irá bem, mas se der para torto os salvadores põem-se ao fresco e os clubes, emblemas com história de muitos anos, caem numa agonia de morte lenta. São muitos os casos e quanto mais o tempo correr mais pedaços de azar irão aparecer.
O que mete dó é sentir que as autoridades que regem o desporto, sobretudo o futebol, com o Governo à frente, não moralizam as leis e só possam surgir os negócios das sociedades anónimas cumprindo preceitos em que, sobretudo, se saibam as origens dos investimentos e se exijam garantias de seriedade nas transacções.
Os clubes não devem perder a gestão e terão também de garantir que o seu Actvo e Passivo nunca foi martelado, com é o caso de entrada numa sociedade com o activo formado pelos atletas existentes e não se discutindo os valores. Há clubes que só possuem Ronaldos! Depois…
Surgem, então, os divórcios entre as massas que foram associativas e aparece o desinteresse, pois os sócios só tarde reparam que perderam o controlo do seu clube. É ver o que se está a passar em Braga, com a entrada no capital de dinheiro das Arábias, o que fez rabiar as principiais figuras ligadas aos bracarenses. A contestação esmoreceu porque a equipa está a ganhar, mas vamos esperar pelo amanhã se as promessas se esvaírem. E um novo salvador será preciso.
Sabemos que estará em cima da mesa da FPF para ser submetido a melindrosa operação esta malfadada questão das sociedades anónimas desportivas sem pernas para andar, mas é preciso que não se demore muito. É que o futebol é o desporto mais bonito e que chama pelo povo e que este adora.
Mas não podemos ficar só pelos negócios do futebol sem falarmos da presença dos agentes desportivos, uma fauna que prolifera no mundo da bola com milhentos parceiros a ganhar à custa dos futebolistas e do clubes. Numa transferência mais famosa aparece, pelo menos, uma meia dúzia de interessados em trincar o bolo.
Temos um empresário como Jorge Mendes e que é hoje um império de negócios, a par dos maiores tubarões mundiais, mas andam cardumes de peixe miúdo a abocanhar o que podem nos mais diversos negócios, seja um goleador com fama ou um perna de pau.
Há legislação para tentar moralizar esta actividade, mas no nosso país nestas coisas, como noutras, fazemos que não sabemos, e enquanto o pau vai e vem, está claro que folgam as costas...
É urgente moralizar. Ou não será?