As conclusões possíveis (boas para os portistas)
Bons indícios
É verdade que a nova época ainda não teve o seu tiro de partida oficial, mas já há matéria suficiente para extrair duas conclusões primordiais. Ambas tão impactantes como verídicas. E ambas boas para os portistas. Assim, e porque não se joga sozinho, há que avaliar também o que se passa com o principal rival. E o que parece é que vai tentar fazer uma equipa quase toda nova. O que não é coisa pouca. Desde logo porque tal comporta o implícito reconhecimento de que, afinal, as equipas das últimas temporadas não eram, afinal de contas, assim tão boas como se dizia.
Quanto aos dragões adianto apenas isto: já não me lembro de quando foi a última vez em que fiquei tão satisfeito com a política de contratações seguida - e com os resultados já conseguidos. Só espero que tal siso seja para levar até ao fim.
De marcha a ré
Miguel de Unamuno foi um grande intelectual e escritor espanhol que sentia um enorme afecto por Portugal. O que, de resto, não o impediu de editar um ensaio com o sugestivo título Os Portugueses, um povo suicida, onde a certa altura deixou escrito: «Portugal é um povo de suicidas, talvez um povo suicida. A vida não tem para ele sentido transcendente. Desejam talvez viver, sim, mas para quê? Mais vale não viver.»
Se Unamuno ainda hoje fosse vivo certamente que olharia para o anúncio de uma qualquer mega-festa à luz de critérios abertos e concluiria, não sem alguma triste melancolia, que o povo português - o povo e não apenas alguns dos seus que ostentaram nomes relevantes na História da Literatura (como, por exemplo, Camilo Castelo Branco, Florbela Espanca, Antero de Quental ou Mário de Sá Carneiro, todos suicidas) - persiste em aventurar-se pelos cumes aguçados que guardam a saída, sem retorno, da vida. Própria e de terceiros. Por isso, quando os peritos advertem para o risco fatal inerente ao ajuntamento de uma turba multitudinária, seria de esperar que quem manda ordenasse a toda a gente, com voz firme, para fazer marcha-atrás, em vez de segredar a palavra-passe indicativa do perigo: «Avante!»