A semana em revista
Diogo Ribeiro conquistou a segunda medalha de ouro nos Mundiais (FP Natação)

A semana em revista

OPINIÃO20.02.202409:26

Tal como a vida, o jogo tem variáveis que não controlamos e que levam a determinado destino. Às vezes ao golo, outras à infelicidade

O título é enganoso mas a intenção é boa. É impossível passar em revista uma semana recheada de acontecimentos num artigo com espaço limitado, mas é possível focar nos aspetos que, para o autor deste texto, merecem devida nota.

1. Diogo Ribeiro

Não há muito a dizer que já não tenha sido dito. Portugal, pequeno pedaço de terra à escala mundial, continua a produzir talento de forma incomparável. Depois de dar cartas no atletismo, judo, futebol, hóquei em patins e em tantas outras modalidades, é a vez da natação produzir muito talento promissor, com o expoente máximo fixado no agora bicampeão mundial de mariposa (50m e 100m). O destaque, mais do que pelas incríveis performances na piscina, vai para a história de resiliência deste jovem de apenas dezanove anos: perder o pai aos 4 e ter um acidente grave aos 16 tornou o menino numa fera indomável. Agora não há quem o trave. Que inspiração!

2. A lesão de Zaidu

Grave, pelo que se percebeu. Que recupere na totalidade, para voltar a ser feliz a fazer o que mais gosta e sabe. As lesões nos atletas são infortúnio recorrente, danos colaterais do risco que algumas modalidades encerram, embora as que têm contacto físico - como o futebol - exponenciem essa probabilidade. O lateral nigeriano magoou-se sozinho, ao travar com sucesso jogada perigosa de um adversário. A culpa não foi daquele, não foi do relvado nem foi do árbitro. Tal como a vida, o jogo tem variáveis que não controlamos e que levam a determinado destino. Às vezes ao golo, outras à infelicidade. Às vezes à vitória, outras ao hospital. Não é sorte nem azar, é como é. Podia ter sido diferente? Podia. Podia ter sido melhor mas também podia ter sido pior. Quem sabe? Um abraço apertado para ele e que regresse ainda mais forte!

3. Liga feminina com patrocínio

A Federação Portuguesa de Futebol anunciou uma parceria com a rede Visa para a liga feminina de futebol. O acordo é um passo em frente rumo ao crescimento e afirmação da modalidade, reforçando a importância estratégica que (também) tem junto de empresas que se sentem seguras em arriscar investimento estratégico na área.

Há muito que o futebol jogado por mulheres deixou de ser um passatempo sem interesse para muitos. Hoje é uma competição com qualidade, respeitada e que continua a produzir talento a vários níveis. A prova está nos resultados e na afirmação internacional de atletas e, não esqueçamos, árbitras. Mérito total da Direção da FPF, que apostou com visão e responsabilidade. Muito bem!

4. A (quase) multa em Tavira

Tavira é uma das minhas cidades preferidas. Provavelmente a que mais gosto até. Não há verão que não passe lá uns dias, em família. Toda a aquela zona é inspiradora e ainda tranquila, porque (algo) distante da azáfama turística de outros pontos a sul. Restaurantes, refúgios na natureza e, claro, as praias. Como não amar a temperatura daquelas águas?

Aqui há uns anos, numa das muitas viagens que fiz para aquelas bandas, fui mandado parar numa operação stop, por agentes de autoridade. O motivo? Deduzo que verificação de rotina (à viatura e ao condutor). Um deles, de uma simpatia e humildade contagiantes, reconheceu-me do mundo da bola e disse-o abertamente. Ficámos por ali a bater umas bolas sobre o tema. Descobri, pela sua confissão orgulhosa, que era pai de um futebolista talentoso e promissor, que jogava então nos escalões jovens de um clube grande. O brilho com que o disse era igual àquele que tenho quando me refiro aos meus filhos: incomparável. Dava gosto ver e ouvir. Soube ontem que a tragédia assolou a família, com a partida prematura da esposa/mãe. Confesso que fiquei incomodado, como se fosse alguém que conhecesse bem. Queria mandar a ambos, pai e filho, um abraço apertado e cheio de força. Sabemos que a vida um dia termina, mas custa quando o fim surge demasiado cedo e em circunstâncias que não controlamos nem merecíamos.