A Fundação do Futebol
Às vezes a maior vitória vem daqueles que perdem o jogo
«UM clube, Uma comunidade, Uma Fundação». Essa é a missão assumida da Fundação do Futebol, que ontem, dia 18 de julho, celebrou o seu 4° aniversário. O momento vale a notícia, porque nunca são demais as notícias que enaltecem o altruísmo e solidariedade de uma instituição.
Tal como a Federação Portuguesa de Futebol - honra lhe seja feita, sempre muito ativa em iniciativas solidárias, com gestos admiráveis e impactantes no apoio a quem mais necessita -, também o futebol profissional percebeu recentemente a importância que tem (e deve ter) junto da sociedade civil. Com a criação da Fundação em 2018, a Liga Portugal passou a intervir ativamente em várias áreas sensíveis, como a da inclusão social, das causas humanitárias, da proteção de valores, da ciência e tecnologia no futebol e da sustentabilidade ecológica. Nessas moram dezenas de projetos concretizados (e outros tantos pensados para breve), que fizeram e farão a diferença a quem se sente mais desprotegido ou carenciado. É justo salientar que este caminho tem sido percorrido em parceria com todas as sociedades desportivas (chapeau), que desde essa altura comprometeram-se solidariamente a investir numa área tão nobre quanto esta. Essa estratégia conjunta permitiu abrir muitas portas aos mais desfavorecidos e devolver a esperança a quem, momentaneamente, precisou de apoio, orientação ou, simplesmente, de sentir que também contava.
Não faltam exemplos de campanhas eficazes, bem promovidas e que obtiveram resultados imediatos (como foi o caso de ‘Todos os Tipos Contam’ - iniciativa para doação de sangue). Mas além dessas, há também as que perduram no tempo, como as que se destinam à prevenção e sensibilização contra o racismo ou contra qualquer outro tipo de discriminação. Mais recentemente, a Fundação do Futebol juntou-se ao Rock in Rio e à Organização das Nações Unidas (ONU) na defesa dos oceanos. O lançamento da bola oficial (2022/2023) foi simbolicamente realizado na abertura do evento, dando o pontapé de saída à ação.
O futebol jogado fora das quatro linhas só devia ser notícia para dar conta deste tipo de campanhas. Tudo o que acontece de relevante no jogo, em si, passa-se dentro de campo, onde desfila o verdadeiro talento. Onde os golos são marcados e os pontos são distribuídos. É nessas variáveis, sempre incertas e emocionantes, que todos deviam focar-se com entusiasmo e excitação. E era sobre isto que os clubes e respetivos departamentos de comunicação deviam falar. Era isto que deviam promover incessantemente, nas suas redes sociais, newsletters e sites. Tal como a Fundação, também os clubes têm este lado, o do espírito solidário e da enorme responsabilidade social, mas raramente o divulgam, raramente o reportam convenientemente, para que seja notícia que dure e perdure. A estratégia que muitos insistem em seguir está mal direcionada. E está mal direcionada porque promove a desconfiança e rebelião, escondendo a face boa da indústria.
Que este aniversário da FF seja a inspiração que todos precisam para uma época mais saudável, com emoção e efervescência, mas... respeito. Muito respeito. Às vezes, a maior vitória vem daqueles que perdem o jogo. Dignidade. Educação. Classe. Elevação.