A decisão difícil mas inevitável de Rúben Amorim

OPINIÃO07.11.202412:20

Não surpreende que gostasse de ficar até final da época no Sporting

O único pedido que fiz era que fosse no final da época e disseram-me que não era possível, que era agora ou nunca. (...) Apareceu o clube que eu sabia que se rejeitasse daqui a seis meses não iria ter.

Rúben Amorim, treinador do Sporting, sobre a ida para o Manchester United

Rúben Amorim tem boa imprensa, como se diz no meio para quem tem os êxitos exacerbados e os fracassos minimizados. Já era assim como jogador, passou a ser ainda mais como treinador. Culpa dele, que de uma forma geral sempre tratou bem os jornalistas e raramente se esquivou a perguntas. Assumiu, e bem, que podia falar livremente sem que isso se tornasse um bicho de sete cabeças. Pôde fazê-lo porque o deixaram e também porque ganhou mais do que perdeu.

Mas precisamente pela frontalidade que sempre teve, cheguei a ter pena ao vê-lo contorcer-se quando confrontado com o comunicado do Sporting que dava conta da vontade do Manchester United contratá-lo antes da coisa estar feita. Rúben queria falar e não podia. O alívio a seguir ao jogo com o Estrela da Amadora foi evidente. E mesmo assim não disse tudo o que queria — faltou explicar que o Manchester United tem uma equipa fraca e que não vai a lado nenhum este ano e que o Sporting estava à beira de algo histórico (como se viu esta terça-feira contra o Manchester City), e que era por isso que gostaria de ficar até final da época (há coisas que nem o mais frontal dos treinadores pode dizer).

Mas por muita vontade que tivesse de levar o sonho do leão até ao fim, há oportunidades que não se podem desperdiçar — anos à frente, o passo que não se deu arrepende bem mais do que aquele que se tentou e não resultou.