A convicção do bicampeonato, o melhor período da vida e as cláusulas. tudo que disse Rúben Amorim

NACIONAL02.11.202400:30

Treinador falou de vários temas e justificou a razão pela qual tomou uma decisão que só pensaria tomar no final da época. Revelou que o Manchester foi o terceiro clube a aparecer a pagar a cláusula de rescisão, diz-se otimista para o futuro do Sporting e as expetativas até ao jogo com o SC Braga. Sobre o Manchester United adiou explicações porque até Braga será ele a «mandar» na equipa

- Começamos por uma pergunta que ninguém irá fazer… sobre o jogo? Agradou-lhe a exibição apesar do golo sofrido?
-  Não gostei da nossa exibição. Faltou velocidade e dessa forma vamos sofrer muito com o Manchester City. O Inácio ontem apresentou um problema numa perna, vamos ver. O Franco Israel esteve bem, mas faltou fluidez no jogo. Mas vencemos 5-1 e seguimos em frente na classificação.

- Esta semana pareceu uma eternidade e terá sido batida a taxa media de noites mal dormidas de adeptos do Sporting. Como foi essa gestão?
- Não consigo dizer muito. É uma fase das pessoas sentirem o que têm de sentir, Queria explicar a situação. No início da época, e o presidente está aí para confirmar, tive uma conversa com ele e com o Viana, e disse que, acontecesse o que acontecesse, que era a minha última época no Sporting. A época começou e começou bem. O United apareceu, pagou a cláusula, acima da cláusula, e o presidente defendeu os seus interesses. Nunca discuti nada com o presidente. O único pedido que fiz era que fosse no final da época e disseram-me que não era possível, que era agora ou nunca. Tive três dias para decidir algo que muda por completo a minha vida. Não é a primeira vez que tenho uma cláusula paga por outro clube. Nem a segunda. Eu queria aquele clube e aquele contexto. É igualzinho ao Sporting. Custa-me muito sair. Mais a mim do que a um qualquer adepto. Não houve confusão nenhuma. Temos de salvaguardar os interesses de cada um. Eu disse que ficava os jogos que fossem preciso. Não disse nada mais cedo porque não podia. A decisão é assim. Apareceu o clube que eu sabia que se rejeitasse daqui a seis meses não iria ter. E sabia que daqui a seis meses não ia estar no Sporting. O único clube que quero e mexeu comigo. Chegou uma altura em que tive de decidir e decidi. Agora vou muito mais descansado para casa. Eu ganhava três vezes mais com o último clube que pagou a minha cláusula. Foi uma escolha. Dei tudo o que tinha pelo Sporting.

- Faz sentido realizar mais estes três jogos? E já falou com algum jogador português do Manchester United?
- Ficar ou ir… tenho de fazer aquilo que o Sporting decide. Eu prefiro assim. Não deixo os jogadores na mão. Frente ao Nacional senti-os mais ansiosos porque eles não sabiam com o que contar. Fico com todo o gosto e não deixo os jogadores na mão. Quanto ao United não falei com nenhum jogador. Estou totalmente focado.

Rúben Amorim disse que o United era o clube e o contexto que desejava (MIGUEL NUNES)

- Desde que saiu Ferguson que o Manchester tenta dar a volta. O que pode fazer para melhorar o clube?
- No dia 11 teremos oportunidade de falar do Manchester United. Neste momento estou no Sporting. Queria explicar tudo isto aos sportinguistas. Depois falaremos sobre o Manchester United.

- Não sente que pode ficar prejudicado por ter de fazer mais estes jogos? Sentiu-se sempre inclinado a aceitar o convite ou ponderou muito?
- Varias vezes. Mudei de opinião várias vezes. A minha preocupação é não prejudicar a equipa do Sporting. Depois terei essa preocupação quando estiver no United. Neste momento isso não se coloca.

Rúben Amorim revelou que o United foi o terceiro clube a aparecer e a pagar a cláusula de rescisão (MIGUEL NUNES)

- Sendo direto. É do seu agrado ficar aqui estes jogos? Não queria começar já no United? E que staff vai levar consigo?
- Falando já disso vou levar o meu staff, mas teremos tempo de falar sobre isso. Sempre foi uma das minhas condições. Vimos juntos desde o Casa Pia. Essa decisão de ficar ultrapassou-me e estou cá para defender o Sporting até Braga. Vou dar tudo até ao fim.

- Houve uma tarja contra si mas foi muito aplaudido e visivelmente emocionado. O que significa esse gesto? Quando saiu de Braga levou um avançado para o Sporting… vai levar agora um do Sporting para Inglaterra?
- O Gyokeres custa 100 milhões e é muito difícil. Não vou buscar nenhum jogador do Sporting em janeiro. O que significou esse gesto? O Sporting foi a melhor fase da minha vida. Toda a gente do Sporting sabe a importância que teve para mim. Percebo a desilusão dos adeptos e que sair a meio de uma época que pode ser histórica… mas hoje não é a despedida e ainda temos dois jogos importantes, com o City e o SC Braga para manter a liderança.

- O que ficou por fazer no Sporting? Que projeto o United lhe apresentou?
- Sobre o United iremos falar depois. O que ficou por fazer no Sporting foi ganhar todos os títulos que devíamos ter ganho. A Supertaça, a Taça de Portugal que não vencemos… Tenho a convicção que vamos ser bicampeões. O clube tornou-se muito competitivo, conseguimos lançar muitos jogadores… e parece-me que estou a despedir (risos) mas ainda temos dois jogos.

Rúben Amorim destacou a estrutura atual dos leões e está convencido que o Sporting irá festejar o bicampeonato (MIGUEL NUNES)

 - Este Sporting ganhou condições que não tinha quando entrou. Correspondeu às expetativas? E sobre a cláusula falou-se muito nos 30 dias que tinha de dar ao Sporting, confirma?
- Não vou comentar coisas do nosso contrato, é entre mim e o Sporting. Sobre a estrutura e a estabilidade não foi só o treinador, foi toda a gente no Sporting. Tudo aqui melhorou. Queria lembrar que não estou aqui há um ano. Não fui embora no primeiro ano que fomos campeões, nem quando depois fomos para o 4.º lugar, nem quando fomos campeões pela segunda vez apesar do avião… Daqui a sete meses estaria fora do Sporting. Apareceu o clube e o contexto que queria. O Sporting vai continuar a ganhar.

- Estava a contar com anúncio oficial. Ou queria ser o treinador a dar essa informação após este jogo?
- Não são os treinadores que anunciam as coisas ou não, apenas queria a minha possibilidade de explicar as coisas. Fico feliz por ter aqui essa oportunidade. Tivemos azar de haver jogo e isso são coisas que não se controlam.

- Já falou com o João Pereira. Sente que está preparado para ser seu sucessor? E como os jogadores receberam a notícia? Houve revolta?
- Não houve revolta nenhum, mas ficaram tristes e ansiosos e é normal sentir-se um ambiente diferente. Eu falei com todos eles antes de serem contratados. Criámos uma relação com os jogadores e obviamente que foi difícil não vou esconder. Mas não houve revolta e eles sabem que o treinador sou eu e que até Braga sou eu que mando se quiserem jogar. João Pereira? Apesar de ter dado sorte ter entrado e ter sido um treinador a dar o sucessor é o clube que tem de anunciar. Até Braga serei eu.