A cara de pau de Bruno Lage. E a de Rui Costa...

OPINIÃO27.01.202508:12

Treinador do Benfica tentou defender o indefensável e não convenceu ninguém: a verdade é que não confia no plantel. Pior só Rui Costa, que nem defende o técnico nem o demite

De madrugada, na garagem do Estádio da Luz, regressado de Rio Maior, onde o Benfica, perante o Casa Pia, sofreu a quarta derrota nos últimos oito jogos, Bruno Lage explica que não pode pôr jogadores da formação a jogar porque se o fizer «gajos que valem 20 milhões (...) são vendidos por cinco». «E vamos depois comprar jogadores onde?», interroga-se.

À tarde, na sala de imprensa do campus do Seixal, numa conferência de urgência depois da barracada que deu o facto de o áudio de Lage a falar aos adeptos ter vindo a público, o treinador tenta defender-se. «O presidente nunca me pediu para jogar A, B ou C, nem agora, nem quando era diretor desportivo. Tenho total liberdade», afirma. Mas uns momentos antes também dissera que tem de se ter em conta «o preço de mercado» dos jogadores.

Em que ficamos? Está ou não o treinador condicionado pelo valor que os jogadores custaram? Porque mesmo que não lhe tenham dito que tem de jogar o A ou o B, seguramente que lhe explicaram, quando o contrataram, que este janeiro só haveria dinheiro para reforços se conseguissem vender alguém, e vender implica não perder (muito) dinheiro nos negócios.

Na garagem do Estádio da Luz, de madrugada, Bruno Lage queixa-se dos golos sofridos de penálti e de bola parada — «porque ninguém salta» — e diz que «dói analisar os jogos». À tarde, na sala de imprensa, assegura que tem «confiança total» no plantel e que as críticas à forma como o Benfica tem sofrido golos já foram transmitidas aos jogadores.

De madrugada, na garagem do Estádio da Luz, o treinador do Benfica lamenta a incapacidade da equipa «dar três toques seguidos na bola» e diz aos adeptos para lembrarem a forma como as suas equipas «de iniciados, de juvenis, de juniores, a equipa B, a equipa A» jogavam, dando a entender que lhe falta matéria prima. À tarde, na sala de imprensa, garante que se referia concretamente à última hora do jogo com o Casa Pia, e elogia os primeiros 30 minutos, onde o Benfica criou «boas jogadas e várias oportunidades de golo».

Com tremenda cara de pau, Lage tentou defender o indefensável, mas não convenceu ninguém. Não há dúvidas: o treinador não confia no plantel e acha que precisa de bastante tempo, e de jogadores novos, para dar a volta à situação. Uma cara de pau quase tão grande como a de Rui Costa, que em vez de se sentar ao lado do seu treinador ficou na plateia a ouvir, não foi capaz de dizer uma palavra a apoiá-lo e, sabendo o que Lage acha da equipa, assobia para o lado em vez de demiti-lo.