A Alemanha e três avançados de eleição

OPINIÃO29.05.202004:00

Mudar regras a meio do jogo

A Liga aprovou, no curso de uma competição ainda por concluir, uma alteração regulamentar que passa a permitir 5 substituições (e também 9 suplentes no banco). Ou seja: mudou as regras a meio do jogo. E para isso invocou a necessidade de proteger a integridade física dos jogadores. Mas se assim é, então, ao contrário, a competição não deveria ser reatada. Por causa dessa mesma integridade. O que se segue? A redução do tempo de jogo para meia hora, uma hora inteira ou metade de uma partida (45 minutos)?

Três noves

Como é do conhecimento comum, o primeiro dos campeonatos a volver à liça foi o alemão. E apesar de não se tratar de algo tão potente como as ligas inglesa ou espanhola, não deixa de exibir alguns dos melhores jogadores mundiais, em particular no que se refere à nobre função de marcar golos. Posto isto, cantem-se os nomes de 3 pontas de lança, puros 9, goleadores superlativos. Vejamos então.

Robert Lewandowski - goleador do Bayern de Munique e da seleção polaca, casado com uma conhecida nutricionista que é apontada como responsável pela nova dimensão que o seu jogo atingiu nas últimas épocas, graças a uma estranha dieta que inclui a obrigatoriedade do atum ao pequeno almoço e a proibição de tudo o que tenha glúten e lactose. Mais: nas vésperas dos jogos, depois de jantar, ainda come um prato de pudim de arroz doce para reforçar o corpo com hidratos de carbono e glicose. Para a recuperação ingere sobretudo legumes e abacate.

Timo Werner - o actual ponta de lança titular da seleção teutónica e segundo melhor marcador da Bundesliga (24 tentos, contra os 27 do polaco) deve ser, em todo o mundo, o jogador que mais aprecia os estádios vazios. Basta recordar o sucedido no ano transacto, num desafio em casa do Besiktas, quando pediu para ser substituído aos 32 minutos por não conseguir suportar o barulho dos adeptos turcos na Vodafone Arena de Istambul, o qual atingiu os 130 decibéis (recorde em jogos da Champions). Ainda chegou a tapar os ouvidos com uns tampões, mas as tonturas foram mais fortes.

Erling Haaland - quem? um rapaz norueguês de 19 anos que chegou este ano. Não há espaço para falar hoje dele. Fiquemo-nos então por isto: é o novo melhor goleador mundial e quase ninguém deu por isso.

Uma coisa por outra

A venda de bens tecnológicos teve em Portugal, no mês de Abril, um incremento de quase 50%. É de lembrar que quando foi decretado o estado de emergência o mercado tecnológico sofreu uma queda abrupta de 18%.

A nova normalidade aportou consigo, nomeadamente, novos hábitos pessoais, novas formas de relacionamento social e novas modalidades de prestação profissional, de que são exemplos maiores o ensino à distância e o teletrabalho. Por conseguinte, como meio primordial para acompanhar a disciplina do confinamento, registou-se um forte crescimento das vendas de instrumentos tecnológicos, desde impressoras a tablets.

Agora, quando o futebol voltar, com jogos quase diários, será de esperar um acentuado contrabalanço. Mas tudo à distância, porque os estádios vão permanecer encerrados para os adeptos. O que nos conduz à seguinte dúvida quase existencial: se não houvesse direitos televisivos o campeonato seria reatado? As próximas semanas já servirão para medir o pulso, ou a falta dele, quanto ao acerto, ou não, de tal opção. Em qualquer caso, parece óbvio que o factor económico terá sido determinante para que se permitisse a realização dos 90 jogos por cumprir. Afinal, não foi nenhum filósofo nem desportista, mas sim um dos mais ilustres nomes da História do Pensamento Económico, John M. Keynes (o qual, aliás, apreciava dizer que só confiava em economistas ricos), quem sentenciou que «a longo prazo estaremos todos mortos».