58,3 por cento

OPINIÃO24.09.202106:25

A Geração Z e o International Board; adeptos e relatórios; Pimenta e não só

1. Um dos argumentos dos fundadores da Superliga Europeia para justificar o projeto era o progressivo afastamento dos jovens enquanto consumidores televisivos do desporto-rei. Se nos anos 80 o anúncio da transmissão de um jogo merecia até chamada de capa nos jornais, tal a raridade, desde há muitos anos que o acesso ao futebol se tornou comum em inúmeras plataformas além dos canais televisivos. A cristalização das regras - até 1992 os guarda-redes podiam agarrar a bola após passe de um colega, convite ao antijogo que o conservadorismo do International Board tardou em alterar, entre outros casos de travão à modernidade, como o raio de ação limitado do VAR  - pouco contribui para conquistar novos públicos e é a paixão dos adeptos pelos clubes que garante audiências mais do que a qualidade dos espetáculos. A contagem do tempo de jogo, por exemplo, é inexplicável. Noventa minutos mais compensação, baseada em critérios tantas vezes aplicados sem critério, quando se poderia avançar para solução que exterminasse o flagelo de queimar tempo. Jogo interrompido, cronómetro parado, à semelhança do andebol, basquetebol, futsal, hóquei em patins... Como explicar a um consumidor de futebol da Geração Z que está a pagar para ver uma partida na qual o tempo útil é só de... 58,3 por cento? É esta a média da nossa Liga, segundo estudo do Observatório do Futebol de abril.
2. Se os adeptos esmiuçassem os relatórios e contas dos seus clubes com a mesma atenção que analisam o trabalho dos árbitros e as manchetes dos jornais,  alguns presos a teorias da conspiração sem sentido, talvez os passivos gigantescos dos emblemas que amam não fossem tão pornográficos.
3. A canoagem portuguesa é um caso de estudo, como se viu  no Mundial da Dinamarca, onde conquistámos quatro medalhas. Se Fernando Pimenta, é há muito um nome familiar, outros se seguirão, isso é claro como água.