A análise de Duarte Gomes aos casos do Rio Ave-FC Porto

Liga A análise de Duarte Gomes aos casos do Rio Ave-FC Porto

NACIONAL29.08.202301:35

Jogo muito difícil de dirigir, com vários lances de dúvida e uma expulsão por efetuar

Eustaquio esticou a perna e atingiu, com a sola da bota, a perna de Boateng

Nota do árbitro: 4 

Fábio Veríssimo dirigiu o Rio Ave FC-FC Porto da terceira jornada da Liga 2023/2024.

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
 

3’ - Eustaquio atingiu Guga com clara negligência, tendo como atenuante para a infração a ausência de maldade. Isso foi percetível pelo facto de estar sempre a olhar para a trajetória da bola quando falhou a tentativa para a pontapear. O médio acabou surpreendido pela antecipação rápida do adversário (Boateng), que devia saber que poderia dividir a jogada consigo. O risco foi mal calculado e tinha que lhe ter valido o cartão amarelo. Errou Fábio Veríssimo nessa análise.

8’ - Noite feliz para Eustaquio, motivada por novo erro da equipa de arbitragem (permitiu que o jogador continuasse em campo): a entrada em falta sobre Boateng colocou em risco a integridade física daquele. O médio do FC Porto saltou de longe, com a perna direita esticada e com a sola da bota à mostra, em zona acima do perímetro da bola. O contacto com a perna do avançado ganês foi muito perigoso e devia ter sido sancionado com cartão vermelho direto. Este lance foi tecnicamente muito semelhante àquele que valeu a justa expulsão de Musa no Bessa (também ali o pé resvalou na bola antes de atingir com perigo óbvio o pé do adversário).

12’ - Um dos tais lances que, a olho nu, vendeu imagem de legalidade: Taremi parecia estar mesmo em jogo quando foi solicitado para aquele que seria o golo inaugural da partida. Mas quem manda é a tecnologia e essa provou que o iraniano partiu de posição irregular. É cada vez mais importante que o futebol considere a possibilidade de investir na aquisição de sistemas que dispensem intervenção humana, para que qualquer dúvida/suspeita em lances como este (e outros do género) possam ser desfeitas na hora. A este nível, não é aceitável que a verdade desportiva tenha etiqueta de preço.

16’ - Amarelo bem exibido a Aderllan após atingir Toni Martínez por trás e de forma negligente. A infração cortou ainda saída potencialmente prometedora do espanhol.

19’ - Nico González chegou tarde à dividida e acabou por pontapear a perna de Boateng com negligência. Foi bem advertido.

30’ - Cruzamento para a área do Rio Ave cortado pela cabeça de Amine. O lance seguiu para a zona onde estava Toni Martínez, que desviou a bola aparentemente na direção do braço esquerdo de Fábio Ronaldo, que estava fora da sua zona natural. Não houve imagens que esclarecessem o momento na totalidade, mas ficou a ideia de que poderá ter havido interceção irregular do defesa do Rio Ave. Sem prova nesse sentido, é justo aceitar como boa a decisão da equipa de arbitragem tomou.

32’ - Amine cometeu falta negligente sobre Nico González e viu, com justiça, o cartão amarelo.

37’ - Lance atípico, em que João Graça caiu sobre João Mário, fazendo falta involuntária mas imprudente.

43’ - Costinha e Pepe saltaram à bola (nenhum a tocou, porque houve desvio anterior de Pantalon), havendo contacto entre ambos. O braço direito do defesa vilacondense tocou na cara do central devido ao impulso que ambos deram para tentar intercetar a jogada. Não houve infração de parte a parte. Foi boa a analise do árbitro em lance dentro da área da equipa visitada.

50’ - Galeno, ao tentar disputar o lance com Boateng, acabou por rasteirar o adversário em plena área azul e branca. É também possível que, na sequência, tenha igualmente derrubado João Pedro, que estava à sua frente. A infração, na tentativa de jogar a bola, não terá sido propositada mas foi francamente imprudente. Pontapé de penálti bem assinalado.  

56’ - Josué fez placagem antidesportiva a Pepê, impedindo que este se mantivesse numa jogada que continuou depois. Bem o árbitro ao adverti-lo na primeira seguinte.

59’ - Joca levantou a mão esquerda, atingindo Zaidu no rosto. Não houve malícia nem negligência, mas o gesto foi imprudente e devia ter sido sinalizado.

62’ - Pantalon derrubou Galeno de forma claramente negligente. Viu bem o amarelo.

68’ - Wendell foi advertido por cortar a bola com o braço de forma deliberada. O árbitro entendeu (e explicou) que a infração impediu saída potencialmente prometedora do jogador do Rio Ave.

76’ - Namaso usou o braço direito para disputar o lance com Aderllan, atingindo o adversário de forma antidesportiva. Não houve conduta violenta, houve apenas negligência bem punida com advertência.

88’ - Costinha derrubou Gonçalo Borges dentro da sua área? É impossível alguém garantir que sim ou que não, porque nenhuma imagem que se viu provou o que quer que fosse. Essa é que é a verdade. As duas variáveis que pesam aqui? A decisão unânime da equipa de arbitragem (em campo e em sala, onde há mais e melhores condições para avaliar) e o reconhecimento posterior de jogador e treinador da equipa lesada, de que o lance tinha sido bem sancionado com pontapé de penálti. O que deve fazer quem tem por missão analisar lances como estes, nestas circunstâncias? Aceitar como boa a decisão tomada por toda a equipa de arbitragem.

90+5’ - Marcano estava em posição legal (bem atrás da linha da bola) quando André Franco cruzou da direita. Foi legal o segundo golo do FC Porto.