Opinião Opinião de João Bonzinho: «Uma extraordinária transferência!»
Gonçalo Ramos tem 22 anos. É um atacante promissor, segundo melhor marcador do último campeonato português, e bastante alinhado com o modelo de jogo de Roger Schmidt no Benfica. Mas isso é uma coisa.
Outra coisa, creio, é olhar para esta iminente transferência de Ramos para o Paris Saint-Germain (que se espera ver fechada esta quinta-feira, 3 de agosto) e concluir que se tratará de mais um extraordinário negócio do Benfica, que apesar da cláusula de rescisão do jogador, sempre admitiu negociá-lo por verbas a rondar os 80 milhões de euros.
Ora o Paris Saint-Germain, certamente até por razões de ‘fair play financeiro’, chega aos 80 milhões por via dos €65+€15 com que parece acabar por convencer o presidente encarnado a abrir mão do jovem ponta-de-lança, cujo valor de mercado, nas diferentes tabelas que existem no universo do futebol europeu, não chegava a ultrapassar os 40 milhões de euros, tendo em conta a inexperiência e as performances (ainda insuficientes) na primeira equipa do Benfica, onde apenas chegou a cumprir, na verdade, uma época como titular, com Schmidt, bem-sucedida, como sabe, pela conquista do título de campeão e pelo número, ainda assim, de golos (27 no total de 47 jogos que realizou na última temporada).
Para o Benfica, como se previa, depois de conseguir convencer os interessados em Gonçalo Ramos que 50 milhões (valor das primeiras propostas) eram insuficientes, poder encaixar, na prática, 80 milhões (porque os 15 de bónus propostos pelo PSG são muito fáceis de atingir) é não apenas um extraordinário negócio (vejamos o acordo pelo lado que virmos), como uma oportunidade de reequilibrar financeiramente a balança à luz da estratégia de investimento no projeto desportivo seguida pela liderança de Rui Costa.
Claro que que precisam os encarnados de continuar no mercado, não apenas à procura de um guarda-redes, mas agora, sobretudo, de um homem de área, com golo suficiente para criar a expectativa de tornar ofensivamente eficaz o jogo de Roger Schmidt e de uma equipa com muito talento, muita capacidade de criar, mas ainda, visivelmente, pouco matadora para o futebol que constrói.
Esperam os adeptos que à maior venda portuguesa da época (e uma das maiores do mercado de verão, entrando, no mínimo, para o ‘top 5’ até ao momento) corresponda também uma contratação de alguma referência para o ataque das águias.
O iminente adeus a Gonçalo Ramos, um jovem avançado, sublinho, muito promissor, e obviamente desafiado, também ele, por irrecusável proposta financeira para um contrato de cinco épocas (tão promissor é o jovem algarvio que um clube poderoso na Europa como é o PSG se dispõe a pagar por ele que vai acabar por pagar) apenas poderá significar baixa importante para Roger Schmidt se a estrutura encarnada não for capaz de encontrar promissor substituto.
Abundam? Claro que não. Mas o Benfica, como outros clubes portugueses, jogam com o projeto, com o bom contexto para se crescer e dimensionar e, no caso das águias, ainda com a Liga dos Campões.
Já dá alguma vantagem e é por isso que alguns craques acabam por aceitar vir jogar no nosso País.