Espaço Universidade Os Jogos Olímpicos terminaram (artigo de Vítor Rosa, 163)
Os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio 2020 terminaram e o balanço, apesar dos constrangimentos devido à Covid-19, parece ser positivo. Eles revelaram que continuam a ter uma extraordinária dimensão, envolvendo milhares de praticantes e espectadores. Alegrias e tristezas são sempre a pedra de toque em cada edição. Não se pode ter uma visão idílica do olimpismo. Será que o olimpismo triunfa segundo a vontade de Coubertin? Será que é exaltado o desporto desinteressado e o desporto praticado apenas pelo prazer e a superação de si próprio? Infelizmente, não!
No caso português, como refere um texto de Luís Francisco, na edição do Expresso, de 6.08.2021, “os adeptos criticam os atletas pela sua alegada falta de atitude, estes criticam os políticos por não terem apoio, os analistas criticam a fraca aposta do país no desporto, os telespectadores criticam a RTP por não passar as modalidades de que gostam mais, os responsáveis pela delegação olímpica criticam quem exige muito de quatro em quatro anos a atletas que roçam o anonimato em termos de reconhecimento social”. Ganhámos algumas medalhas, e apresento os meus parabéns aos atletas. Mas a maior “medalha” que se pode atribuir a Portugal é que se encontra no lugar 11.º em termos de inatividade física do mundo. A “espuma” dos resultados dos JO vai desaparecer e tudo volta ao normal.
Quando o secretário de Estado da Juventude e do Desporto anuncia o objetivo de colocar o país, até 2030, entre as quinze nações europeias como maior índice de prática desportiva, não sabe bem o que diz. E os primeiros dados dos Censos 2021, que recentemente foram divulgados, reforçam esta afirmação. Estamos perante um país cuja população decresce e o nível de envelhecimento é cada vez maior.
Nestes JO vimos de tudo um pouco. Todavia, eles foram uma prova de abertura, de inclusão social, de diversidade, de liberdade e de promoção de valores positivos para as sociedades.
Pode ouvir na RDP África um balanço mais exaustivo sobre os JO.
Vítor Rosa
Sociólogo, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática. Investigador Integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), da Universidade Lusófona de Lisboa