Espaço Universidade Imagens, símbolos e representações no desporto (artigo de Vítor Rosa, 100)
As pesquisas de Pierre Bourdieu sobre a sociologia das práticas culturais colocaram em evidência os sistemas de disposições, socialmente adquiridos, que orientam os indivíduos para determinadas atividades: o piano ou a viola, o desenho realista ou a figura abstrata, o futebol ou o golfe, entre outras.
Seguindo esta linha de investigação, Christian Pociello mostrou que as posições sociais intervêm amplamente na escolha de praticar um desporto e elaborou um espaço social dos desportos. Sem negar as determinantes sociais na escolha das práticas desportivas, deveremos também ter em conta os aspetos dinâmicos. Não se pode excluir que uma parte das motivações que intervêm nas práticas para as entradas (adesões), na vontade de acumular os códigos e os signos de um capital cultural, eventualmente convertível em capital social e para as saídas (abandonos), com a deceção, isto é, a atividade escolhida não fornece um capital rapidamente convertível.
Do ponto de vista qualitativo, as caraterísticas longitudinais da prática individual (antiguidade) são essenciais para compreender o significado social, mas também compreender o estatuto dos praticantes nesta realidade sempre em construção (processo de aculturação). A estatística (aspeto quantitativo) apresenta esta questão como um fato estabelecido. A regra funda o desporto. Ela assegura o funcionamento e a diferenciação das várias práticas desportivas.
A psicologia social ou a psicossociologia é a ciência que tem por objeto de estudo as ideologias, as imagens, as representações e as atitudes dos indivíduos e dos grupos e das comunicações estabelecidas entre eles. A linguística é a ciência que tem por objeto de análise a língua, enquanto vetor essencial desta comunicação. Ela examina a origem das palavras (etimologia), as condições de funcionamento e de evolução.
Com base nisto, podemos estudar a linguagem dos desportistas, a sua forma de falar, de definir a sua prática desportiva, dos seus gestos, etc. Podemo-nos esforçar para compreender as imagens e as metáforas que eles utilizam, numa linguagem especializada, de determinado desporto, assimilada a uma linguagem de origem. Podemos também nos interessar na difusão da linguagem e dos signos desportivos na linguagem corrente e nas imagens, nomeadamente publicitárias, que abundam e estruturam a vida moderna.
Vítor Rosa
Sociólogo, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática. Investigador Integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares de Educação e Desenvolvimento (CeiED), da Universidade Lusófona de Lisboa